Um levantamento realizado pela Polícia Civil revela que, desde o final da década de 1990, mais de 160 investigados na região de Passo Fundo, norte gaúcho, aplicaram o golpe do bilhete premiado em, pelo menos, 10 mil vítimas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. O resultado foi obtido por meio de quatro inquéritos da Operação Pólis que monitorou desde a metade do ano passado cerca de 50 quadrilhas.
Enquadrados por estelionato e organização criminosa, esses suspeitos agem há 20 anos. Alguns faleceram nos últimos anos, mas um deles, apontado como um dos líderes mais antigos, é chamado até de "professor" pelos demais. Ele é o principal alvo e foi o primeiro a aplicar golpes na região. Depois disso, passou a ensinar os outros golpistas.
Segundo o delegado Diogo Ferreira, responsável pelos inquéritos, os criminosos também estão respondendo por lavagem de dinheiro.
- Estamos atacando os bens destes criminosos para descapitalizar as quadrilhas, dificultando o retorno dos grupos em atividades ilícitas. Mas lembro, que o golpe só existe porque tem também a ganância das vítimas para obter lucro fácil - afirma Ferreira.
O delegado diz que o número de vítimas pode ser bem maior, já que muitos, principalmente por vergonha, não registraram ocorrência. Além disso, Ferreira levantou dados que apontam movimentação financeira estimada em mais de R$ 55 milhões por parte dos 160 investigados desde os anos 1990. Eles fizeram depósitos bancários em contas que estavam em nome de laranjas, mas também lavaram dinheiro com mais de cem imóveis e mais de 120 veículos, muitos de luxo, como um Chevrolet Camaro avaliado em R$ 130 mil. Os bens foram confiscados. Neste ano, a polícia prendeu três suspeitos e indiciou 22, todos denunciados pelo Ministério Público. O trabalho da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Passo Fundo continua com a apuração de mais casos de estelionato e de lavagem de dinheiro.