Agentes da Delegacia de Polícia de Tubarão, em Santa Catarina, prenderam nesta sexta-feira (7), em Passo Fundo, no norte gaúcho, uma mulher de 28 anos que faz parte de uma grande quadrilha da região investigada por aplicar o golpe do bilhete premiado em vários Estados. Em maio, a suspeita e um comparsa foram apontados como responsáveis por lesar uma idosa catarinense de 74 anos em R$ 64 mil.
Após investigação local, foram identificados inicialmente três suspeitos. Uma ação foi deflagrada no mês passado em Santa Catarina, com o cumprimento de mandados judiciais, e duas catarinenses foram presas por estelionato e organização criminosa. Na ocasião, outra vítima perdeu R$ 42 mil.
As investigações prosseguiram e um casal de gaúchos também foi identificado. Com isso, foram obtidos dois mandados de busca e dois de prisão preventiva. A mulher foi presa nesta sexta-feira em Passo Fundo, e o comparsa de 27 anos não foi localizado. Ele é considerado foragido. A polícia gaúcha deu apoio aos agentes de Tubarão.
A Delegacia de Repressão de Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Passo Fundo investiga um grupo da cidade que atua há mais de 20 anos e alguns integrantes até já faleceram. Além disso, já houve 250 indiciamentos em 10 inquéritos que apontam também movimentação financeira estimada em mais de R$ 55 milhões por parte dos cerca de 400 investigados desde o início de 2000. Os criminosos já agiram em todo o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, mas também no Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Nos últimos anos, estavam atuando em Estados do Centro-Oeste.
Como funciona o golpe do bilhete premiado
A forma mais comum de abordagem é aquela em que um primeiro estelionatário se aproxima de uma vítima perto de bancos ou praças. Os alvos principais dos bandidos são pessoas idosas ou bem vestidas, que aparentam boa situação financeira. O criminoso se passa por uma pessoa pobre e analfabeta, e pergunta inicialmente onde fica a agência da Caixa Econômica Federal mais próxima porque tem um bilhete premiado e precisa trocá-lo.
Em seguida, um segundo estelionatário chega. Ele sempre usa roupas sociais e se oferece para ajudar, simulando um telefonema para o banco. Na sequência, surge o terceiro criminoso, que se apresenta como funcionário da Caixa. A partir daí, há a confirmação com o telefone no viva voz, de forma que a vítima possa ouvir, dos números sorteados e do valor do falso prêmio.
O bancário informa a documentação e condições para sacar o dinheiro. Depois disso, o primeiro estelionatário — que aparenta ser pouco instruído — diz não ter documentos e pede ajuda à vítima e ao comparsa para receber o prêmio. Ele promete repartir o dinheiro com quem auxiliar — mas exige uma quantia financeira antecipada para garantir que não seria "roubado" pelas pessoas que o estão ajudando.
Seduzida pela possibilidade de receber parte do prêmio, a vítima se oferece para comprar o bilhete e é levada até uma agência bancária para sacar um valor estipulado e dar como garantia. Após a vítima entregar a quantia em espécie, os criminosos desaparecem e o golpe é concluído. Em alguns casos, a vítima até percebe que pode ser um golpe, mas é ameaçada psicologicamente pela quadrilha.