Seguindo tendência de queda já observada em 2018, os principais indicadores de criminalidade – homicídios, latrocínios, roubo de veículo e feminicídios – apresentaram redução ao longo de 2019 no Rio Grande do Sul. O ano passado terminou com 569 mortes a menos do que em 2018. Foram 1.793 vítimas de homicídios em 2019 contra 2.362 no ano anterior, o que representa redução de 24,1%. Trata-se do menor número de mortes desde 2009, quando o Estado teve 1.791 assassinatos.
Com o resultado, divulgado pela Secretaria da Segurança Pública na ontem, a taxa de homicídios em território gaúcho caiu ao menor nível da década, para 15,8 a cada 100 mil habitantes, considerando a mais recente estimativa de população segundo o IBGE, de 11,37 milhões de moradores no RS. A taxa é cinco pontos menor do que a de 2018, de 20,8 para cada grupo de 100 mil pessoas. O menor índice anterior (16,8) foi registrado em 2010.
Em Porto Alegre, a diminuição dos assassinatos foi mais expressiva, de 40%. Em 2019, a Capital registrou 318 homicídios. No ano anterior, foram 536. Mesmo com a redução de homicídios, em média, quase cinco pessoas são assassinadas por dia no Rio Grande do Sul.
O número de roubo de veículos caiu 31% no ano passado. Foram 11.136 ocorrências contra 16.129 em 2018. Para o vice-governador e secretário da Segurança, Ranolfo Vieira Júnior, a estratégia de redução destes dois tipos de crimes é semelhante: foco na territorialidade:
— Os 18 municípios que são o foco do RS Seguro concentram 89,3% dos roubos de veículos. Ou seja, tenho de focar nestes 18. Estabelecer estratégia, inteligência. A mesma coisa para o homicídio: onde morre, qual hora, em qual dia da semana. Não tenho dúvida que isso contribuiu para redução de roubo de veículo e dos homicídios.
Na visão do vice-governador, a conversa entre os agentes de segurança para identificar quais organizações criminosas agem em cada cidade também tem feito a diferença.
— Esses indicadores mostram que a estratégia do RS Seguro está acertada. O foco territorial permitiu que pudéssemos canalizar ações específicas nas cidades com os maiores indicadores. Também temos recebido bons relatos da integração da força policial que tem dado resultado – considerou o governador Eduardo Leite.
Na avaliação do chefe do Executivo, os números positivos são determinantes para que o Estado se torne mais competitivo na busca de investimentos e na melhora do ambiente de negócios:
— Sem dúvida nenhuma um Estado em que reduz de 20 para 15 homicídios por 100 mil habitantes apresenta cenário de maior segurança, de maior tranquilidade à sociedade e, consequentemente, retém talentos que aqui se formam e poderiam optar por viver em outro lugar. Assim como empresas de fora que vêm aqui se instalar.
Vítimas de roubo com morte reduziram 19%
O número de vítimas de roubos com morte caiu 19% no ano passado. Foram 75 pessoas mortes em latrocínios em 2019 contra 93 entre janeiro e dezembro de 2018. Na Capital, a redução foi mais tímida, de 7%. O número de casos diminuiu de 13 para 12.
Para o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Rodrigo Mohr Picon, o foco em determinados problemas do cotidiano das comunidades passa a ter efeito na redução de crimes mais violentos:
— Muitas vezes, as comunidades sofrem com infrações bem menores, usuários de drogas nas ruas, arrombamentos, roubo a pedestre, algo que não envolve violência forte contra a pessoa, mas que produz sensação de insegurança forte. Um dos nossos focos do policiamento ostensivo é se dirigir a este tipo de delito para evitar que, ali na frente, torne-se crime maior — analisa.
Entre os indicadores em baixa, a queda menos expressiva foi dos feminicídios. Foram 100 casos nos últimos 12 meses e 116 em 2018, decréscimo de 13,8%. As tentativas de feminicídio subiram 1,1%: de 355 para 359 casos.
— A redução é mais tímida porque não é uma questão somente de segurança pública. Temos de engajar outros setores que não só a segurança — afirma a chefe de Polícia, Nadine Anflor.
Segundo a delegada, mais de 70% das vítimas de feminicídios de 2019 são mulheres que não registraram ocorrência contra seus agressores ou não haviam solicitado medida protetiva:
— Se não chegou ao conhecimento das forças de segurança uma violência contra essa mulher, é um desafio evitar este crime. Se essa mulher não nos procura, como vamos prevenir? O grande desafio é identificar essa vítima. Se identifiquei que minha amiga, mãe, filha, vizinha, corre algum tipo de risco, tem de ajudar.
Para incentivar a mulher a denunciar, em 2020, a delegada seguirá apostando nos espaços para acolhimento diferenciado das vítimas nas Delegacias de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) do Estado, que funcionam 24 horas. Na Sala das Margaridas, há policiais qualificados para atender as vítimas. São sete em funcionamento: Taquara, Campo Bom, Farroupilha e Caxias do Sul devem ser as próximas a receberem os espaços.
Um indicador fora da curva, o de estelionatos, é que apresenta aumento. Os golpes subiram 8,7%, crescendo de 25.203 casos em 2019 contra 23.167 no ano anterior.