A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Porto Alegre inaugurou oficialmente, nesta quinta-feira (19), a Sala das Margaridas – um espaço exclusivo para atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica. A proposta é aplicar a mesma estrutura em todas as 44 Delegacias de Pronto-Atendimento do Rio Grande do Sul. Para a chefe da Polícia Civil do RS, delegada Nadine Anflor, o espaço integra um programa amplo de humanização do atendimento a vítimas deste tipo de crime.
— A ideia de um espaço mais acolhedor nos pronto-atendimentos da Polícia Civil é justamente fazer com que as mulheres se sintam muito mais acolhidas e estimuladas a denunciarem. Também porque temos uma dificuldade muito grande de ter um serviço especializado 24 horas à disposição, o que só ocorre em Porto Alegre — observa.
Para Nadine, a Sala das Margaridas serve tanto para a vítima se sentir mais acolhida como para os policiais se colocarem de maneira diferente.
— Os policiais vão conseguir se dar conta de que, no meio daquele turbilhão, com um monte de gente para atender no balcão, quando se trata de uma mulher vítima de violência, o atendimento precisa ser acolhedor, mais humanizado, personalizado — observa.
Ao todo, sete cidades gaúchas já contam com a estrutura, além da Capital: Viamão, São Luiz Gonzaga, Camaquã, Santiago, Pelotas, Montenegro e Santa Cruz do Sul.
— Estamos implantando aos poucos. Neste ano, foram sete salas inauguradas e temos a previsão de mais duas nas próximas semanas — conta.
Para a delegada Tatiana Bastos, responsável pelo atendimento especializado à mulher no Estado, são cerca de 40 mulheres que procuram ajuda apenas em Porto Alegre.
— As Salas das Margaridas representam um conceito de acolhimento de bom atendimento. Nesse espaço, conseguimos aplicar um questionário de avaliação de risco. Que é um instrumento que usamos para aferir o grau de risco que a mulher está inserida, contribuindo para diminuir a quantidade de feminicídios — avalia Tatiana.
Bem-me-quer, malmequer
Conforme a chefe da Polícia Civil, Nadine Anflor, o nome margarida foi escolhido a partir da simbologia da flor, que é considerada uma das mais fortes da natureza.
— Além disso, faz relação com o “bem-me-quer, malmequer”. Que representa bem essa situação das mulheres vítimas de violência, que uma hora chegam aqui querendo denunciar o companheiro e, no outro dia, voltam dizendo que querem um homem diferente, mas que amam o agressor — relata, ao citar que o policial precisa estar preparado para lidar com isso e entender o que se passa com as mulheres.