A véspera do julgamento da morte de Bernardo Uglione Boldrini mostra uma Três Passos temerosa. Não há manifestações nas ruas, na casa do menino ou no fórum onde os quatro réus serão julgados a partir desta segunda-feira (11). Por trás do silêncio, há medo de que qualquer coisa possa atrapalhar o julgamento e de que os acusados não recebam uma pena do tamanho da dor que a cidade vive.
- Temos medo de um julgamento fraco, de uma pena pequena. Todos que querem colaborar de alguma forma perguntam o tempo todo como fazer para não atrapalhar - conta uma participante dos grupos mobilizados em memória de Bernardo.
A população quer que tudo corra bem e que a sessão do júri flua para amenizar uma chaga que completa cinco anos em 4 de abril. Por volta das 16h, poucos curiosos começaram a aparecer na casa em que Bernardo morava com o pai, a madrasta e a irmã.
Franciele Hartmann, 25 anos, mora em Santo Ângelo e costuma visitar Três Passos por causa de familiares. Neste domingo, pela primeira vez, resolveu ir até a casa de Bernardo.
- Viemos olhar por causa do julgamento - disse a autônoma, acompanhada do irmão Stephano, de 23 anos.
Ao longo da semana, havia previsão de que as grades da casa recebessem flores novas para marcar o começo do julgamento. Mas as organizadoras desistiram. Apenas cartazes foram colocados.
- O tempo não ajudou. Ou chovia muito ou fazia muito calor e as flores morriam. Agora, resolvemos esperar uma solução. A Justiça resolverá como fica a casa, de quem é, e resolvemos aguardar. Nosso interesse não está lá agora - explicou Denise Helena Escher, que foi psicóloga e professora na escola em que Bernardo estudava.
Cavaletes colocados na frente do fórum e usados para bloquear totalmente a rua lateral do prédio também chamaram a atenção a partir das 16h30min. Dentro do prédio, havia movimentação de assessores.