Quase cinco anos após a morte do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, Três Passos, na Região Noroeste, vive a expectativa do julgamento. Na próxima segunda-feira (11), os quatro réus irão a júri, entre eles o pai do garoto, o médico Leandro Boldrini, e a mulher dele, Graciele Ugulini. Além deles, a amiga da madrasta, Edelvânia Wirganovicz, e o irmão dela Evandro Wirganovicz também são acusados de envolvimento no crime. Os quatro estão presos.
Os hotéis da cidade e de municípios próximos, como Tenente Portela, a 30 quilômetros de distância, estão com reservas lotadas para a próxima semana. Em um deles, ficarão hospedados os sete jurados, que permanecerão isolados ao longo do julgamento. Eles também não terão acesso a telefones ou outros meios de comunicação durante o período do júri, segundo o Tribunal de Justiça. Ainda ficarão hospedados na região jornalistas e estudantes. A previsão é que o julgamento possa se estender até o fim da semana.
Além da expectativa, a aproximação do julgamento também gera tensão entre os moradores. Das outras vezes em que os réus estiveram em Três Passos, por conta de audiências, houve mobilização, inclusive com carro de som reproduzindo gritos de socorro do garoto. Até o momento os órgãos de segurança da região não informaram como será feita essa proteção no entorno. O Tribunal de Justiça afirma que serão empregados nessa operação de segurança quantos policiais forem necessários.
O prédio do fórum, com quatro andares, está localizado na Avenida Júlio de Castilhos, na área central da cidade. A sala do júri, no segundo andar, onde vai ser realizada a audiência, precisou ser adaptada. Como costuma receber julgamentos com menor número de participantes, o local teve acréscimo de 20 cadeiras, para receber no total 70 pessoas. Também foi preciso colocar uma mesa extra e três cadeiras para os advogados de defesa, já que são quatro réus.
Em frente à casa da família Boldrini, na Rua Gaspar Silveira Martins, também na área central, foram fixados cartazes com mensagens de saudades e pedindo justiça pelo caso, em razão da aproximação do júri. Os materiais foram entregues na semana passada. Também foram produzidos adesivos com a foto de Bernardo.
— A cidade vai reviver toda essa tristeza. É um caso que mexeu com todo mundo que vive aqui e vai continuar mexendo — diz Paula Borges, 37 anos, funcionária da empresa onde são produzidos os materiais gráficos espalhados pelo município.
A residência dos Boldrini inclusive se tornou um ponto de visitação em Três Passos, onde as pessoas param até mesmo para fotografias. As imagens com pedidos de justiça estão espalhadas por outros pontos da cidade. Nos dois principais acessos ao município, por exemplo, há outdoors com fotos do Bernardo. "Eles te calaram... Agora nós somos a sua voz", avisa uma das mensagens.