A menos de três dias do início do júri popular, 10 testemunhas foram retiradas da lista pelos advogados dos quatro acusados de assassinar o menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos. Assim, 18 pessoas serão ouvidas pelos sete jurados, em vez das 28 iniciais.
O advogado Hélio Francisco Sauer, que defende o réu Evandro Wirganovicz, retirou todas as suas oito testemunhas. Procurado por GaúchaZH, ele preferiu não comentar a estratégia da defesa e o motivo da redução. Duas testemunhas do pai de Bernardo, Leandro Boldrini, também foram removidas da lista pelo seu advogado, Ezequiel Vetoretti.
O Tribunal de Justiça informou que a movimentação de testemunhas faz parte do rito normal do processo e da estratégia de cada advogado. A corte disse ainda que a redução no número de testemunhas não diminui a expectativa de que o julgamento dure, ao menos, uma semana.
O julgamento será realizado em Três Passos, a partir das 9h30min, e será conduzido pela juíza Sucilene Engler Werle. A Brigada Militar preparou um esquema de segurança para evitar a aglomeração de pessoas nas proximidades do prédio.
O caso
Bernardo desapareceu em 4 de abril de 2014 de Três Passos, onde vivia com o pai, o médico Leandro Boldrini e a madrasta, Graciele Ugulini. Ele foi encontrado morto 10 dias depois, no interior de Frederico Westphalen. Amiga da madrasta, Edelvânia Wirganovicz levou os policiais até a cova onde o menino foi enterrado. Ela confessou ter participado da morte do menino, com Graciele.
A madrasta e o marido se tornaram réus no caso. O irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, também foi preso e responde pelo crime. Ele é acusado de ter ajudado a cavar a cova onde o corpo do menino foi ocultado. Segundo a denúncia do MP, Graciele e Edelvânia teriam dado dois comprimidos calmantes ao menino e uma injeção, que teriam provocado a morte da criança. Os quatro vão a julgamento na segunda-feira (11).
O que diz a defesa:
Nesta sexta-feira (8), GaúchaZH conversou com os quatro advogados, para questionar sobre a estratégia para o júri. Confira abaixo:
Leandro Boldrini
Os advogados do pai do menino Bernardo, Ezequiel Vetoretti e Rodrigo Grecellé Vares, preferiram não gravar entrevista. No entanto, enviaram nota para GaúchaZH:
"A defesa de Leandro Boldrini confia no Tribunal do Júri e espera um julgamento justo, amparado nas provas do processo. O processo fala e o Júri terá, certamente, a sabedoria para ouvir e fazer a tão esperada justiça. Reiteramos o nosso respeito pela nobre atividade desempenhada pela imprensa."
Graciele Ugulini
O advogado Vanderlei Pompeo de Mattos, que defende a madrasta de Bernardo, Graciele Ugulini, preferiu não se manifestar.
Edelvânia Wirganovicz
O advogado Gustavo Nagelstein, que defende a amiga da madrasta de Bernardo, declara que vai apresentar à sociedade uma outra versão, não "contaminada pelo preconceito". Para ele, as provas arrecadadas pelo Ministério Público e Polícia Civil são frágeis e não demonstram a participação de sua cliente no homicídio.
— Vamos apresentar uma linha de raciocínio que é bem razoável no sentido de que ela foi envolvida nessa trama toda. Ela estava, efetivamente, dentro do carro e isso não se nega. Mas a participação dela no homicídio não existe. Não houve participação premeditada — declara Nagelstein.
O advogado, diz ainda, que Edelvânia participou somente na ocultação de cadáver, e não no assassinato. Por fim, Nagelstein ainda afirma que, caso ela seja condenada apenas por ter auxiliado a esconder o corpo, a sua pena já teria sido cumprida, devido ao tempo que já ficou no cárcere.
Evandro Wirganovicz
O advogado Hélio Francisco Sauer, que defende Evandro, disse que não irá se manifestar antes do júri.