Justiça para Bernardo Uglione Boldrini, morto em abril de 2014, aos 11 anos. Este é o principal pedido de diversas páginas e grupos no Facebook.
São pelo menos 11 canais na rede social que, durante quase cinco anos, homenageiam, recordam a infância interrompida e cobram condenação para os acusados do homicídio – entre eles o pai e a madrasta de Bernardo –, que sentarão no banco dos réus no próximo dia 11, em Três Passos, no noroeste do Estado.
Uma das páginas, a "Bernardo Uglione Boldrini - Justiça", soma mais de 105 mil seguidores. "Esta página vai enviar às autoridades todas as informações passadas reservadamente in box, portanto, é um ato de justiça!", diz a descrição.
Outra, "Justiça Em Memória De Bernardo Uglione", conta com 3,7 mil seguidores e convocou "grupos para oração" para a próxima segunda-feira, às 9h, quando está previsto o início do julgamento dos réus Leandro Boldrini, pai de Bernardo, da madrasta, Graciele Ugulini, e dos irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz. O júri ocorrerá no Foro de Três Passos e a previsão é de que dure até sete dias.
"Que seja feita justiça para o Bernardo e que os anjos acampem no TJ. Estaremos juntas em pensamentos e energia positiva. O Bem sempre vence o Mal", diz uma das postagens. Mais de 200 pessoas reagiram à publicação e usaram o espaço para comentar o caso e falar de Bernardo:
"Você não está mais presente entre nós, mas quem te tirou deste plano terá o merecido castigo", disse um usuário. "Bê .. Vai ser feita Justiça.. Deus não dorme. . Estrelinha", comentou outro.
Relembre o caso
Bernardo Uglione Boldrini foi morto em 4 de abril de 2014. Dez dias depois, o corpo foi encontrado em uma cova, no interior de Frederico Westphalen. No dia seguinte, Graciele, Leandro e Edelvânia foram presos.
Em maio do mesmo ano, Evandro também foi preso. Seis dias depois, Graciele, Leandro e Edelvânia foram denunciados por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima). Os três e mais Evandro foram denunciados, também, por ocultação de cadáver. Leandro responde ainda por falsidade ideológica.
Em agosto de 2015, o juiz Marcos Agostini decidiu que os réus devem ser julgados pelo Tribunal do Júri. Em outubro de 2016, o 1° Grupo Criminal do TJ manteve a sentença de pronúncia. Em abril de 2017, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou recurso de Leandro, mantendo o júri.
Em março de 2018, a Justiça negou pedido de prisão domiciliar de Graciele. A defesa havia usado como base uma decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou a soltura de presas grávidas e mães de crianças. Embora tenha uma filha de cinco anos, ela se enquadra nas exceções que constam na decisão do STF.
Em novembro do mesmo ano, o STJ negou pedido para anular os depoimentos do caso. O recurso havia sido movido pela ré Edelvânia Wirganovicz. Em dezembro, a juíza do caso, Sucilene Engler Werle, titular da 1ª Vara Judicial de Três Passos, definiu a data de julgamento em 11 de março de 2019.