A sessão da tarde no plenário do júri em Três Passos, no noroeste do Estado, começou com clima tenso entre defesa e Ministério Público (MP). O advogado de um dos quatro réus pela morte do menino Bernardo, Evandro Wirganovicz, Luiz Geraldo Gomes dos Santos, disse que não permitiria que seu cliente respondesse ao MP.
O promotor Bruno Bonamente reclamou que o direito do MP de acusar estava sendo comprometido. Antes deste debate, a irmã de Evandro, Edelvânia Wirganovicz, também ré no processo, esteve na sala para a defesa dela consignar que ela não mais responderia a questionamentos. Ela passou mal durante o depoimento pela manhã.
A juíza Sucilene Engler perguntou se os fatos pelos quais ele está sendo acusado são verdadeiros. Ele é apontado como responsável por cavar o buraco.
— Não sabia de nada, não fiz nada — disse o réu de braços cruzados.
A juíza quis saber por que ele não não contou, no primeiro depoimento, que havia estado no local em que foi feita a cova. Ele disse que temeu ser envolvido no crime e, por isso, não disse que estava pescando na região.
Evandro disse que soube dos detalhes do caso e do encontro do corpo pela imprensa.
— Por que o senhor mudou sua versão? — questionou Sucilene.
— Foi quando fui falar no detector de mentiras.
Evandro disse que não conhecia Graciele Ugulini, madrasta de Bernardo Uglione Boldrini. Alegou que esteve na região onde foi feito o buraco para pescar, que estava de férias.
— Nunca fiz nada de errado, nunca vou fazer, sempre trabalhei, sou humilde. O que sei é o que passa nas reportagens — atestou.
Evandro chorou ao falar da falta do contato com os filhos. Quando foi preso, o filho tinha dois anos e a filha, 40 dias. Evandro disse que a mulher o abandonou há dois anos e meio.
— Se eu devesse, podia tirar meu filhos de mim — disse Evandro direcionado aos jurados.
Sobre a irmã, disse que não conhecia "esse outro lado" de Edelvânia.
O advogado relembrou testemunho de que Evandro comentou que a atitude de Edelvânia havia acabado com a família.
— Tenho orgulho de ser quem eu sou e Deus sabe quem eu sou.
Advogado de Edelvânia, Jean Severo, disse lamentar a situação em que Evandro foi colocado. Severo quis saber se ele recebia visita. Ele disse que sim. E se a irmã recebia. Evandro disse achar que não.
Outros defensores não fizeram perguntas. Evandro abriu os braços e fez apelo aos jurados:
— Eu não fiz, eu não devo.
Juíza fez intervalo ao fim do depoimento, que durou menos de uma hora.