Ainda que tenha ocorrido aumento nas chacinas, a situação poderia ter sido bem pior na avaliação do delegado Gabriel Bicca, diretor de Investigações da Homicídios.
– A integração entre a Polícia Civil e a Brigada Militar possibilitou a redução no número de homicídios e que mais chacinas fossem praticadas. As inteligências se movimentam para pegar as rotas dos grupos organizados – argumenta.
Bicca destaca entre as ações, o trabalho desenvolvido pelo Comando de Policiamento da Capital como forma de evitar que, após o ataque de um grupo, outros, como revide ou praticado pela mesma facção, ocorram na sequência.
A avaliação é corroborada pelo comandante do Policiamento da Capital, coronel Jefferson Jacques.
– Temos uma estratégia montada de inteligência. Mapeamos todas as áreas de homicídios. Quando há invasão com morte de uma, duas, três ou mais mortes, nossos estudos permitem verificar de onde veio o ataque e onde pode haver revanche e um terceiro espaço onde possa ocorrer um evento. A Polícia Civil gera um passivo e aproveitamos para introduzir a nossa análise – explica Jacques.
Um dos locais que receberam reforço da BM foi o bairro Lomba do Pinheiro, na Zona Leste, onde em 26 de dezembro, ocorreu a última e mais violenta chacina de 2017, com cinco mortes. Ainda assim, apesar das medidas, neste ano duas das cinco chacinas foram lá.
Na primeira delas, em 19 de março, um casal e um jovem foram mortos foram mortos com vários tiros ao terem a casa onde moravam invadida por homens encapuzados. Na segunda, em 1º de abril, um domingo, duas moradias foram invadidas na Vila Tamanca. Em uma delas, foi morta uma jovem, e na outra, um casal. Sobre a Lomba do Pinheiro, conforme uma fonte da Polícia Civil, as peculiaridades do bairro dificultam prever de onde partirá próximo ataque.
— Temos ali uma via principal (a Estrada João de Oliveira Remião), com várias paradas de ônibus. Em cada parada, há pelo menos uma vila e, muitas delas, dominadas por diferentes facções. As paradas 2, 4 e 6 são dominadas por uma facção, que controla a 9 e a 13. A facção rival está na 12 e na 15. E um terceiro grupo domina a Quinta do Portal.
Diante do cenário, segundo o policial, sempre há risco de conflitos:
— Os ataques ocorrem quando tentam tomar área inimiga. O curioso é que muitos rivais foram amigos de infância e passaram a se odiar por estarem em facções diferentes.