Uma investigação sobre roubo de veículos no Vale do Sinos terminou com a prisão de integrantes de um grupo de extermínio na noite desta quarta-feira (7). A polícia descobriu que os criminosos fazem parte de uma facção que planejava ataques a policiais e a membros da Justiça. Dois homens foram detidos em São Leopoldo e um deles teria confessado o assassinato do agente socioeducativo Hadylson Padilha, 51 anos, em Novo Hamburgo, no final de janeiro.
O assassino confesso tem prisão preventiva decretada. As prisões foram realizadas pela Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos de São Leopoldo. O delegado Rodrigo Zucco confirmou que Dieison Rech, na presença de um advogado, afirmou em depoimento que foi um dos executores do agente do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case). Ele havia saído do Presídio Central dia 26 de janeiro e recebeu a missão de matar a vítima no dia 27. O caso dele foi encaminhado para o delegado Rogério Baggio, da Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo, que apura a morte do socioeducador.
A suspeita de ser mandante do crime, mãe de um interno do Case – que já havia sido presa em Torres – encomendou o ataque por retaliação ao trabalho dos agentes. Ela é companheira de um dos líderes da facção que tem base no Vale do Sinos, a mesma que comandou a escavação de um túnel para fuga em massa do Presídio Central no ano passado. O nome da mulher não foi divulgado pela polícia. Comparsas dele planejaram um resgate, evitado pela polícia, durante audiência judicial no mês passado. O criminoso está na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) e tem mais de 50 anos de condenações.
Grupo de Extermínio
Zucco diz que as investigações começaram em 8 de fevereiro a partir da prisão dos suspeitos da tentativa de resgate do líder da facção. Em 30 dias, além das 12 prisões, a polícia também apreendeu com os investigados 12 carros, seis pistolas, seis coletes balísticos e 90 quilos de drogas. Com a apreensão dos celulares dos criminosos, com autorização judicial, foram descobertas não só mensagens sobre o plano para resgatar o apenado, mas também para atacar policiais e membros do Poder Judiciário.
— Vimos que se tratava de um grupo de extermínio agindo para os principais líderes da facção criminosa que atua em todo o Estado, com base aqui no Vale (do Sinos) — disse Zucco.
As mensagens ainda não tiveram divulgação autorizada pela Justiça, mas revelam supostos planos contra agentes e membros do Judiciário que teriam dificultado ações do grupo criminoso. Zucco destaca que os fatos serão apurados e que não tem nomes de alvos. Ele acredita que a polícia impediu ataques que estavam começando a ser planejados.
A polícia informou a chefia da instituição e o Judiciário sobre os planos de execução. Medidas de segurança foram reforçadas.
Pelo menos mais um suspeito, que está foragido, é investigado por integrar o grupo de extermínio. A polícia diz que ele teve prisão decretada e é considerado foragido. O alerta sobre riscos às autoridades consta, inclusive, no inquérito policial.
O delegado Rodrigo Zucco ainda não confirma, mas não descarta que este grupo de extermínio, além do agente socioeducativo de Novo Hamburgo, também tenha executado um policial militar em São Leopoldo no início de fevereiro deste ano.
O trabalho agora, após as prisões de 12 suspeitos, é confirmar também esta suposta execução, bem como o envolvimento de outros criminosos na morte do educador e ainda mais detalhes sobre as trocas de mensagens que indicam planos de execuções.
Mensagens por WhatsApp
Em relação às mensagens pelo WhatsApp entre os integrantes do grupo criminoso, a polícia apenas revela que são pelo menos sete os textos principais e apurados. Além disso, gravações de áudio também comprovam um plano inicial, ainda sendo elaborado, para atacar autoridades. Nas conversas, os suspeitos mencionam um delegado, uma juíza e o agente do Case NH.
Os criminosos se vangloriam da execução do socioeducador, comentam a prisão da mandante deste assassinato e falam muito em armas. Um dos bandidos chega a mostrar uma foto dele com um fuzil. Outro fala que está ao lado de seis pistolas e de dois fuzis, além de comentar que estaria pronto para a execução de um policial.