O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta terça-feira (24) que a paralisação total do Brasil como medida de contenção da crise do novo coronavírus vai prejudicar a área da Saúde.
— Esse travamento absoluto do país para a Saúde é péssimo. Eu continuo precisando de pré-natal. Tem médico fechando consultório. Daqui a pouco, eu estou lá cuidando de um vírus e cadê o meu pré-natal? Cadê o cara que está fazendo a quimioterapia? Cadê o pessoal que está precisando fazer o diagnóstico? Cadê as clínicas de ultrassom? — questionou Mandetta ao deixar o Palácio do Planalto, onde participou da videoconferência do presidente Jair Bolsonaro com os governadores das regiões Sul e Centro-Oeste.
O ministro disse ainda que os chefes do Poder Executivo dos Estados estão entendendo que algumas medidas podem ser excessivas e afetar a logística do país.
— Acho que os governadores já estão vendo que, em alguns casos, aceleraram, passaram do ponto — disse.
Mandetta ponderou a dificuldade de determinar, em casos de travamento total, quais são os serviços considerados essenciais.
— E o que não é fundamental? Essa é a discussão que tem de ser feita nessa hora, para que toda a sociedade... Nós somos uma grande engrenagem, em que um movimenta o outro. E colocar isso em harmonia para o momento, sem histeria, é que é o desafio de todos, de prefeitos, de governadores — disse.
Sobre os governadores, com quem o governo federal vinha divergindo sobre o tom da crise, o ministro afirmou que gradativamente está havendo um entendimento.
— Não, eu acho que eles (os governadores), gradativamente, estão percebendo o que precisa fazer, o que precisa ser articulado, o que precisa ser organizado. Fábrica que faz um ventilador que nós todos queremos, eu estou a fazendo trabalhar 24 horas por dia, três turnos, corre, corre, vamos fazer ventilador, ela de repente não consegue trabalhar porque, naquele dia, não foi uma determinada pessoa que era responsável por um lugar, porque não conseguiu ir, porque não tinha como ir e vir.
O ministro disse ainda que, para que medidas duras sejam tomadas, é preciso ter consciência dos impactos. Ele evitou fazer julgamentos sobre acertos os erros dos Estados e disse que o momento atual é inusitado. Afirmou que a última vez que o Brasil viveu situação semelhante de quarentena foi em 1918, durante um surto da gripe espanhola.
Medidas tomadas por governadores de Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal vinham sendo criticadas pelo governo federal, em especial por Jair Bolsonaro. O presidente chegou a dizer em entrevista, no fim de semana, que a população saberia que estava sendo enganada pelos governadores.
Na segunda, Bolsonaro modulou o tom e apresentou propostas para os Estados.
— Eu acho que as pessoas, quando tomam medidas duras, como essas aí de locaute, têm de saber muito bem o que estão fazendo. E isso daí muitas vezes é uma medida que você toma em determinadas circunstâncias, determinada situação. E às vezes você tem de ver qual o tempo certo, o aviso com antecedência, como fazer — afirmou Mandetta.
No dia em que o Brasil chegou a 46 mortes e 2.201 casos confirmados de coronavírus, o ministro disse que os dados correspondem às estimativas do Ministério da Saúde para a chegada da doença no país. O primeiro caso foi registrado em 26 de fevereiro.
— Está sim, totalmente (dentro do esperado). Dia 26, agora, a gente vai fazer 30 dias, a gente tinha a métrica toda dos 30 dias. Está batendo certinho, está tudo certo. O que a gente está vendo agora é o retorno do abastecimento dos equipamentos de proteção individual — afirmou.