O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) confirmou para este mês duas obras com objetivo de melhorar o sistema de proteção contra cheias de Porto Alegre. Há seis meses, a água invadiu ruas, casas, apartamentos e as estruturas existentes apresentaram falhas.
Conforme o diretor do Dmae, Maurício Loss, a licitação para início dos trabalhos em quatro das 23 casas de bombas está prevista para ser aberta ao longo de novembro. A fase atual é de ajustes no anteprojeto, que é a etapa que elabora como será a reforma antes da abertura do processo. A empresa IFX estava fazendo os acertos solicitados pela prefeitura.
— A empresa está agora nos ajustes finais de nos entregar esse anteprojeto para que a gente possa finalizar essa parte de orçamentação. Nos próximos dias, ainda no mês de novembro, a gente deve lançar a licitação para esse primeiro lote — projeta Loss.
Esta primeira licitação contemplará as casas de bombas (Ebaps) 12, que fica na região do Parque Marinha do Brasil, a 17 e a 18, que ficam na Avenida Mauá, e a 20, que está no Sarandi. Por serem consideradas as mais críticas, as estações 17 e 18 passaram a receber intervenções no começo de setembro pela empresa DW Engenharia, que já presta serviços para o Dmae e também está atuando nas comportas.
Ebaps 17 e 18
Nos últimos dias, estão sendo realizados os preparativos para subir cortinas de concreto nos dois locais para corrigir a falha que permitiu que a água fosse jorrada para dentro da cidade em maio. A primeira etapa, que era de retirada de algumas estruturas, já ocorreu. Agora, acontecerá a segunda, que é de instalação das armaduras de concreto no lugar da parede que era de alvenaria.
Conforme o Dmae, a IFX foi contratada para fazer o estudo em 18 das 23 estações de bombeamento. Enquanto o primeiro lote estiver em andamento, o segundo já será elaborado. A contratada está avaliando as estações de 1 a 5, além da 8, que contemplam o 4º Distrito, indo da Rodoviária ou Humaitá. A casa de bombas 6, que fica no bairro Anchieta, também está passando por análise. Todas essas são consideradas para a segunda fase da licitação. A estação 7, localizada na Avenida Sertório, não foi incluída, porque já faz parte das obras do Arroio Areia e está sendo ampliada.
— Vamos atuar, em um primeiro momento, em 18 casas de bombas das 23. Cinco não há necessidade agora, tendo em vista também o alto volume financeiro. Então, estamos atuando num primeiro momento no que é mais crítico — afirma Loss.
O plano para as casas de bombas é elevar os painéis e as subsestações de energia, além de colocar bombas submersíveis. Com relação aos geradores, que garantem a energia elétrica para funcionamento, a ideia do Dmae é que as 23 casas tenham o equipamento, mas não há confirmação de quando isso estará implantado. Atualmente, são 22 geradores distribuídos em 14 estações. Nove delas não estão com o equipamento instalado. De acordo com Loss, a questão depende da estrutura de cada local, e ainda não há definição se o departamento comprará os geradores ou se fará locação.
Estações de bombeamento de água pluvial
Loss considera que as estações de bombeamento estão em um funcionamento semelhante a maio, antes da enchente, mas sem estar a pleno.
— Já voltamos ao estado em que estava em maio, o Dmae consegue trabalhar com 85% a 90% de todas as 101 bombas e nós já voltamos a esse status. Hoje estamos com 85% do bombeamento funcionando, então estamos num patamar de segurança, como no começo de maio. Sempre tem alguma bomba ou algum motor, ou alguma situação, em manutenção por ser um parque muito grande — afirma.
Loss argumenta que, pelo fato de serem construídas em épocas diferentes, não há um padrão e que, por esse motivo, serão inseridas bombas submersíveis e se tentará padronizar ao máximo as restantes.
A complexidade do sistema e o tempo para aquisição dos equipamentos terá influência na execução das obras. Segundo o diretor, cada casa conta com duas a três bombas, por isso o primeiro lote da licitação deve encomendar entre oito a 10 equipamentos. Como eles são importados e precisam ser fabricados, isso deve levar de seis a sete meses. Enquanto isso, outros trabalhos serão realizados.
— Só de encomenda e entrega da bomba são seis, sete meses. Além da complexidade das obras, de melhorias de estrutura e de fazer as adequações, a gente está falando em aproximadamente um ano de obras em uma casa de bombas — estima Loss.
Ele salienta, no entanto, que esse prazo não é para cada lote, porque outros serão abertos durante o andamento dos anteriores, já que os padrões serão replicados.
Casas de bombas que não entram neste primeiro momento no cronograma
7 Santa Maria Goretti
11A Cristal
11B Cristal
19 Vila Planetário
22 Trincheira da Ceará
Dique do Sarandi terá início de obras a partir de novembro
Passando por obras emergenciais desde o final de agosto, o dique do bairro Sarandi passará a receber intervenções para elevação da cota de inundação ao longo do mês, segundo o Dmae. O trabalho inicial, executado pela empresa Brasmac, serve para garantir o acesso de caminhões e do maquinário mais pesado para as próximas etapas.
— Com certeza, agora na primeira quinzena de novembro, inicia a obra no dique do Sarandi — garantiu Loss.
Enquanto isso, a empresa Encop está fazendo os projetos para elevação da cota tanto do Sarandi, quanto do dique da Fiergs. De acordo com o Dmae, a cota atual dos dois varia de 4 a 4,5 metros, bem distante dos sete metros que deveriam ter para maior proteção, conforme os projetos que são das décadas de 1960 e 1970.
Neste primeiro momento, a prefeitura alinhou com a Brasmac uma cota de segurança de 5,5 metros, enquanto seguem os estudos de geotecnia pela empresa Encov para chegar a 7 metros.
A obra emergencial no dique da Fiergs segue em andamento. No Sarandi, como há um trabalho para retirada de moradores das casas e a necessidade da obra para acesso, o processo será mais demorado. A estimativa do Dmae é que as duas intervenções durem de oito a 10 meses.
Fechamento definitivo de sete comportas de Porto Alegre vai ficar para 2025
O fechamento definitivo de sete das 14 comportas que fazem proteção contra cheias em Porto Alegre só deve ser executado no ano que vem. O Diretor do Dmae estima que o processo entre a encomenda do material e a colocação do concreto leve de 3 a 4 meses.
— Tem todo um processo de armadura de ferro, que tem que ser encomendado também, ele já vem pronto daí da fábrica, e isso demora, às vezes, entre o pedido e a entrega, 30, 45 dias, depois toda a parte concreto, então eu não consigo te somar isso ainda. Não é nada muito longo, talvez a questão de 3, 4 meses, a partir do momento que a gente consiga dar ordem de início para executar — projeta o diretor, acrescentando que esse prazo considera cada portão, mas que a empresa pode fazer mais de um ao mesmo tempo.
O Dmae também afirma que as comportas 1, 2, 4 e 6, que ficam no Cais Mauá, vão seguir abertas. No caso dessas seis comportas móveis, haverá licitação para fabricação das estruturas.
Como estão as comportas
- Comporta 1 (Usina do Gasômetro) - fica aberta e será renovada
- Comporta 2 (Cais Embarcadero) - fica aberta e será renovada
- Comporta 3 (Avenida Mauá x Padre Tomé) - será fechada permanentemente
- Comporta 4 (Avenida Mauá x Sepúlveda) - fica aberta e será renovada
- Comporta 5 (Avenida Mauá) - será fechada permanentemente
- Comporta 6 (Catamarã) - fica aberta e será renovada
- Comporta 7 (Avenida Mauá) - será fechada permanentemente
- Comportas 8, 9 e 10 (Avenida Castelo Branco) - serão fechadas permanentemente
- Comporta 11 (Avenida São Pedro) - fica aberta e será renovada
- Comporta 12 (Avenida Cairú) - fica aberta e será renovada
- Comporta 13 (Avenida Castelo Branco) - será fechada permanentemente
- Comporta 14 (Avenida Castelo Branco x Voluntários da Pátria) - um dos portões será fechado e o outro ainda está com situação sendo avaliada