Uma série de obras de drenagem urbana em Porto Alegre está prevista no âmbito do Novo PAC Seleções, detalhado pelo governo federal em 30 de julho. E parte das intervenções envolve melhorias e ampliações no sistema de proteção contra cheias da Capital.
No total, o Rio Grande do Sul terá aporte de R$ 8,9 bilhões no programa. Os recursos serão direcionados para intervenções e estudos relacionados também à mobilidade, ao abastecimento de água e esgoto, à defesa de encostas e à regularização fundiária.
Contudo, a maior fatia — R$ 6,5 bilhões — será destinada à drenagem urbana, beneficiando 38 municípios. Ao menos R$ 770 milhões devem ser investidos nessa área em Porto Alegre (veja o detalhamento abaixo).
As propostas da prefeitura junto ao governo federal já haviam sido cadastradas no PAC ainda em abril de 2023, mais de um ano antes da enchente que assolou a Capital no último mês de maio.
Já as intervenções que englobam áreas dentro de mais de um município ficarão sob responsabilidade do governo do Estado e ainda carecem de detalhamento. Porém, sabe-se que tratam da drenagem nas bacias do Rio Gravataí, do Rio dos Sinos e do Arroio Feijó.
Investimentos na Capital
Em Porto Alegre, as intervenções se concentram no 4º Distrito e devem começar apenas em 2025, conforme projeta o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Maurício Loss. As regiões estão divididas em "pôlderes", que fazem a proteção de áreas inundáveis por meio de diques, comportas e casas de bombas — como são conhecidas as Estações de Bombeamento de Água Pluvial (Ebaps).
"Muitas dessas casas de bombas são dos anos 1970 e final dos anos 1980. Só que a cidade cresceu muito, e isso acaba com que a gente tenha que ampliar esse sistema."
MAURÍCIO LOSS
diretor-geral do Dmae
O que está previsto em Porto Alegre:
Sarandi tem área considerada desprotegida
Enquanto o aporte do PAC não chega, o Dmae foca em tirar do papel ações relacionadas aos diques, às comportas e a melhorias nas casas de bombas. No que diz respeito às Ebaps, a ideia envolve elevar os painéis e as subestações de energia e implantar bombas submersíveis e geradores.
— Vamos dar início nas obras dos diques, principalmente no Sarandi e na Fiergs, até o final do mês. Serão obras de reforço de R$ 10 milhões — diz Loss.
No bairro Sarandi está localizado o pôlder 10, situado no território das vilas Elizabeth, União e Nova Brasília. Trata-se da região que mais sofreu com a inundação de maio: segundo painel da prefeitura, 26.042 pessoas foram impactadas no Sarandi, além de 8.172 imóveis.
Nessa região, serão ampliados os canais e executadas melhorias da casa de bombas e drenagem. Ainda no bairro, está localizada uma área considerada desprotegida pela prefeitura, perto do Arroio Passo das Pedras e dos pôlderes 6, 7 e 8.
Loss afirma que as intervenções de drenagem na Capital serão robustas. Em razão disso, projeta, não será um processo rápido e deverá causar transtornos na cidade quando estiver sendo executado.
— No pôlder 4 haverá 10 quilômetros de galeria. Já no pôlder 5 serão sete quilômetros de galeria e uma casa de bombas, que terá capacidade para 30 mil litros de água por segundo. Em dois anos, não se faz uma obra assim — diz.
Conforme o Dmae, está em processo de contratação o professor Carlos Tucci, colaborador do curso de pós-graduação em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, para trabalhar em três objetivos pré-definidos. Esse levantamento a ser feito não tem relação com as obras previstas para a Capital no PAC.
A missão de Tucci será determinar uma nova cota de inundação em Porto Alegre; elaborar um estudo para a região desprotegida; e projetar um sistema de proteção para a Zona Sul. O existente vai apenas até as imediações de onde fica localizado o BarraShoppingSul.
Em relação à região desprotegida do bairro Sarandi, o diretor do Dmae já prevê a construção de diques e de casas de bombas para o espaço.
— Quando tem o transbordamento do Rio Gravataí, a água vem por aqui (área desprotegida). Nós vamos contratar futuramente a construção de diques e casas de bomba para proteger a região, que hoje não pode ser habitada por não ter essa proteção — conclui Loss.
As obras relacionadas a Porto Alegre que já têm definições:
R$ 218,5 milhões
Obras de macrodrenagem urbana do pôlder 4 (planície protegida por diques contra inundações): canais-reservatório e sistema de bombeamento de águas pluviais.
Intervenções:
- Execução de galerias de águas pluviais
- Canais fechados
- Estação de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebap)
R$ 212,6 milhões
Obras de macrodrenagem urbana do pôlder 5: canais-reservatório e sistema de bombeamento de águas pluviais.
Intervenções:
- Execução de canais abertos
- Galerias de águas pluviais (canais fechados)
- Estações de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebaps)
R$ 155,7 milhões
Obras de macrodrenagem urbana dos pôlders 12, 13, 14, 15 e 16: sistema de bombeamento de águas pluviais.
Intervenções:
- Ampliação de cinco Estações de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebaps)
- Renovação eletromecânica
- Melhorias dos níveis de operação
R$ 113,2 milhões
Obras de macrodrenagem urbana dos pôlderes 1 e 2: canais-reservatório e sistema de bombeamento de águas pluviais.
Intervenções:
- Implantação de galerias pluviais de macrodrenagem
- Ampliação de duas Estações de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebaps)
R$ 70,4 milhões
Obras de macrodrenagem urbana do pôlder 10: canal-reservatório e sistema de bombeamento de águas pluviais. Complementar às intervenções na bacia do Gravataí.
Intervenções:
- Execução de canais abertos
- Estação de Bombeamento de Água Pluvial (Ebap)