O Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS concluiu, nesta sexta-feira (21), que choveu mais no período que antecedeu a enchente do Guaíba de 2024 do que na cheia de 1941. Segundo o Instituto, a chuva mais volumosa e intensa deste ano contribuiu, de forma decisiva, para que a cheia de 2024 atingisse um nível máximo mais elevado do que a cheia do século passado, em Porto Alegre.
"O gráfico de precipitação média acumulada na bacia mostra, de forma clara, que a chuva que resultou na cheia de 2024 foi maior do que a chuva que resultou na cheia de 1941", diz trecho do documento.
Na nota técnica, os pesquisadores destacam que, para analisar as causas da cheia do Guaíba em Porto Alegre é importante quantificar a chuva em toda a bacia, “ou seja, não basta a comparação da chuva dos dois eventos em uma única cidade”.
Na cheia de 1941, o pico foi registrado em 8 de maio. Nos 38 dias que antecederam o auge da cheia, os registros mostram que a chuva foi mais intensa no Oeste da bacia, com valores de 700 a 800 mm, enquanto na parte Leste os valores são inferiores a 500 mm.
Na cheia de 2024, o pico ocorreu em 5 de maio. Nos 35 dias que antecederam o auge da mais recente cheia, a precipitação foi mais intensa na parte central da bacia, sobre o rio Guaporé, com uma área em que a chuva superou os 900 mm. Além disso, há outra região com valores acima de 900 mm localizada mais a Oeste, sobre o rio Jacuí. Nos contornos Sul, Leste e Norte da bacia a precipitação acumulada foi inferior a 500 mm.
Outra diferença identificada pelos pesquisadores é que a chuva de 2024 ocorreu de forma mais concentrada. Isto é, na semana anterior a cada uma das cheias, choveu mais em 2024 do que em 1941.
"Nos oito dias que antecederam o pico da cheia de 2024, a chuva acumulada na bacia aumentou de 209 para 652 mm, o que representa um incremento de 444 mm em 8 dias. No ano de 1941, o período de 8 dias com maior incremento de chuva acumulada ocorreu entre os dias 28 de abril e 05 de maio, quando o valor cresceu de 292 para 589 mm, representando um incremento de 297 mm em 8 dias", diz trecho da nota técnica.
O estudo é assinado pelos hidrólogos Walter Collischonn, Anderson Ruhoff, Rafael Cabeleira Filho, Rodrigo Paiva, Fernando Fan e Thais Possa.