Começou com o alerta da colunista Giane Guerra: empresas situadas fora da mancha de alagamento pela enchente estavam se candidatando a tomar o financiamento subsidiado do BNDES destinado às que, de fato, tiveram prejuízos. Uma imprecisão no texto da regulamentação abriu a porteira para o jeitinho brasileiro na hora da calamidade.
A gota d’água para a “parada técnica” que suspendeu as operações para “ajustes” foi o desabafo do dono de uma vidraçaria do Quarto Distrito (assista abaixo), feita no encontro com o ministro da Reconstrução, Paulo Pimenta, de que não estava conseguindo acesso aos financiamentos do BNDES. Por fim, veio a descoberta de que bancos estavam ligando para clientes especiais para oferecer o dinheiro do BNDES, apesar de a empresa não estar situada na mancha do alagamento.
Pimenta já vinha recebendo reclamações de empresas de que empresas que não foram atingidas estavam conseguindo financiamento. Esse tema apareceu no debate da Federasul, na quarta-feira, em que empresários atingidos reclamaram que o dinheiro estava sendo direcionado para quem não precisa.
O ministro conversou com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e, com o aval do presidente Lula, ficou decidido que as regras serão reescritas para deixar mais claro que só terão direito ao empréstimo subsidiado empresas cujo CNPJ esteja nas zonas alagadas.
Alguns bancos estavam aceitando a autodeclaração de que a empresa foi afetada e adotando um critério elástico, como “reflexo no fluxo financeiro”, para o significado de prejudicada.
Transparência na destinação de recursos
Na segunda-feira (24), o Ministério da Reconstrução vai lançar um site especificando para onde foi cada centavo dos recursos federais destinados ao Rio Grande do Sul.
A intenção é dar transparência aos auxílios, identificando pessoas físicas de jurídicas que receberam algum tipo de dinheiro público.