O Rio dos Sinos transbordou e obrigou os moradores da região a deixarem suas casas. A Defesa Civil de Campo Bom iniciou a remoção de famílias para abrigos ainda na quarta-feira (1º). No bairro Barrinha, um dos mais atingidos, até retroescavadeiras auxiliavam no processo.
Na medição das 4h desta quinta-feira (2), a régua mostrava que o nível da água estava em 7m58cm em Campo Bom. Conforme a Defesa Civil do município, o ponto de transbordo é 7m20cm.
— Precisamos avaliar a situação do rio nas próximas 48 horas. Mas como não para de chover, a tendência é de elevação — afirma o coordenador da Defesa Civil de Campo Bom, Paulo Silveira.
A cidade está com 44 pessoas desabrigadas. Elas foram levados para o Ginásio Municipal. Outras 50 desalojadas foram para casa de amigos e parentes.
São Leopoldo
Em São Leopoldo, a Rua da Praia, no bairro Campina está alagada. A via fica localizada entre os dois braços do rio. A água entrou em muitas casas. Equipes do Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae) avaliavam a situação neste trecho em torno das 6h30min. Outras vias também foram atingidas.
A Paróquia Santo Inácio de Loyola, no bairro Rio dos Sinos, recebe os desabrigados. Há ainda outros abrigos emergenciais para atender moradores dos bairros São Geraldo e Feitoria. O prefeito Ary Vanazzi anunciou a suspensão das aulas em toda a rede pública municipal na quinta.
Novo Hamburgo
Segundo a prefeitura de Novo Hamburgo, não havia, até a noite de quinta, desabrigados ou desalojados no município. Foram disponibilizados dois abrigos: um no ginásio do Ciep Canudos (Rua Amalie Thon, 50), no bairro Canudo, e outro no ginásio do Colégio Sinodal da Paz (Avenida Pedro Adams Filho, 1974), no bairro Industrial. Também na quinta, foram suspensas as aulas em oito escolas municipais do bairro Lomba Grande, na zona rural.
Na quarta, o meteorologista Marcelo Schneider, do Instituto Nacional de Meteorologista (Inmet), afirmou, durante entrevista ao programa Gaúcha+, da Rádio Gaúcha, que o Guaíba e o Rio dos Sinos deveriam transbordar e promover uma “cheia histórica”. A movimentação da frente fria no RS e o vento sul contribuíram para esse cenário.
Calamidade pública
O governo do Estado declarou, na noite de quarta-feira (1º), estado de calamidade pública no Rio Grande do Sul devido às chuvas intensas. O decreto foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Estado.
No final da tarde de quarta, em uma entrevista coletiva, o governador Eduardo Leite afirmou que o Rio Grande do Sul passa pelo maior desastre climático da história do Estado. Disse também que os estragos da crise atual vão superar o impacto das enchentes de setembro do ano passado, que provocaram 54 mortes e devastaram municípios da região dos Vales.
Nas redes sociais, Leite alertou a populações das cidades de Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Encantado, Estrela, Lajeado e os municípios que seguem no curso do Rio Taquari que busquem por lugar seguro.
As regiões mais críticas
As principais regiões afetadas pelas enchentes são a Metropolitana, Central, Vale do Rio Pardo, Vale do Taquari e serra gaúcha.
Veja, nos links, a situação em algumas cidades gaúchas:
- Santa Maria: a cidade registrou a maior quantidade de chuva no mundo nesta quarta-feira. Onze pontes danificadas e 70% da cidade sem água
- Lajeado e Estrela: rio Taquari supera a marca de 30 metros. É a maior cheia da história nos locais. Governador Eduardo Leite pede que pessoas deixem áreas de risco.
- Encantado: Seis desaparecidos. "Começou a estalar e depois veio a casa", conta morador
- Sinimbu: prefeita relata cenas de destruição no município
- Guaporé: mais de 80 casas alagadas e famílias desabrigadas
- Esteio: "Eu nem sei como está agora e o que deu para salvar", diz morador
- São Sebastião do Caí: quase 300 pessoas fora de casa em razão da cheia do rio
- Candelária: oito desaparecidos, cerca de 120 pessoas no aguardo de ajuda e 56 resgatadas
- Roca Sales: quatro pessoas desaparecidas
- São Vendelino: duas pessoas desaparecidas
- Passa Sete: uma pessoa desaparecida