A Defesa Civil de Campo Bom, no Vale do Sinos, deu início, nesta quarta-feira (1°), ao processo de remoção das famílias localizadas em áreas de risco em razão da previsão de mais chuva forte na região. Dezenas de residências já foram alcançadas pelas águas do Rio dos Sinos.
Os esforços se concentram inicialmente no bairro Barrinha, onde muitas pessoas ficaram ilhadas e são retiradas com auxílio retroescavadeiras.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil municipal, Paulo Silveira, a preocupação é grande tendo em vista a continuidade da chuva. Durante a tarde, o nível do rio naquele ponto ultrapassava 7m30cm.
— Tem muita água para descer da parte de cima da cidade, vindo de Taquara, Igrejinha, Parobé, Três Coroas. E o tempo não dá trégua. Aqui, em 2013, o nível chegou a 7m87cm. Foi a maior cheia que tivemos em Campo Bom — afirmou.
A elevação do nível chama a atenção pela força da correnteza. Apesar disso, muita gente resiste em sair de casa na esperança de que o rio não subirá tanto quanto o previsto.
Uma das pessoas resgatas nesta quarta-feira foi Susana Gonçalves de Oliveira, que mora na Barrinha há 47 anos. Desde pequena, ela convive com enchentes:
— Toda vida é isso. Cansa. Só que não tem como vender a casa porque vale muito. Vende aqui e não consegue comprar em lugar nenhum. Pagar aluguel noutro lugar não tem como também.
À medida que as pessoas são resgatadas levando consigo algumas roupas, são encaminhadas para o ginásio municipal (Avenida Adriano Dias, 720).
São Leopoldo e Novo Hamburgo em prontidão
Um plano de contingência contra inundações foi acionado pela prefeitura de São Leopoldo. O Placon, como é chamado, define o que cada secretaria e corporação de apoio, como é o caso do Corpo de Bombeiros e da Brigada Militar, deve fazer se houver necessidade de remoção de famílias para abrigos. Equipes da frota de caminhões e retroescavadeiras da prefeitura estão de sobreaviso.
A Paróquia Santo Inácio de Loyola, no bairro Rio dos Sinos, é um dos locais emergenciais para acolhimento de desabrigados. De acordo com a Secretaria de Assistência Social, outros abrigos foram definidos para atender moradores dos bairros São Geraldo e Feitoria.
— Até o momento, não foi solicitada ajuda. A gente sabe que existem algumas situações em que decidiram sair de casa por causa do nosso alerta de inundação — diz o coordenador da Defesa Civil, Fabiano Camargo.
Segundo o órgão, a precipitação média para o mês de abril nos últimos 30 anos em São Leopoldo é de 124 milímetros. Já para maio é de 143mm. Desde sábado (27), choveu mais de 250mm, o equivalente a um acumulado de dois meses.
O alerta emitido pela Defesa Civil municipal destaca a previsão de mais chuva nos próximos dias. Na noite desta quarta, o nível do Rio dos Sinos chegou a 4m88cm, em que algumas vias, como as ruas da Praia e das Camélias, já são alcançadas pela água. A cota de alarme é de 5m10cm.
O prefeito Ary Vanazzi anunciou a suspensão das aulas em toda a rede pública municipal nesta quinta-feira (2), quando será avaliada a situação do dia seguinte.
Em Novo Hamburgo, a prefeitura não reporta desabrigados ou desalojados. Na cidade, dois pontos foram colocados à disposição como abrigos: um no bairro Canudos, no ginásio do Ciep Canudos (Rua Amalie Thon, 50), e outro no bairro Industrial, no ginásio do Colégio Sinodal da Paz (Avenida Pedro Adams Filho, 1974).
Nesta quinta-feira (2), estão suspensas as aulas em oito escolas municipais do bairro Lomba Grande, na zona rural: Bento Gonçalves, Conde D'Eu, Castro Alves, José de Anchieta, Helena Canho Sampaio, Lápis Mágico, Raio de Luz e Washington Luiz. A Secretaria Municipal de Educação fará uma reavaliação da situação para decidir se a suspensão seguirá também na sexta (3).