A inundação reduziu bastante no bairro Cidade Baixa nesta quarta-feira (15), voltando a deixar ruas como a João Alfredo e a Joaquim Nabuco acessíveis. Os locais estiveram entre os mais atingidos pela cheia do Guaíba, com água alcançando a metade das portas e provocando estragos, principalmente na semana passada.
Na Rua Joaquim Nabuco, o proprietário da Ferragem Germano, Gilberto Dorig Nachtigall, 67 anos, comentava que muitos produtos teriam que ser colocados no lixo. Ele fazia a retirada dos itens nesta manhã e posicionava na calçada para avaliação.
— O prejuízo foi grande. Entrou um metro de água lá dentro. Ferramenta enferrujada não dá para vender. Vou ter que descartar ou doar — ressalta.
O comerciante notou que a água havia baixado, mas voltava a subir alguns centímetros. Algo também relatado por outros frequentadores da região. Na Travessa dos Venezianos, onde a água chegou a bater na maçaneta das portas, os alagamentos recuaram, mas um bueiro ainda jogava água para fora. Na João Alfredo, um ciclista também avisou a reportagem que a inundação estava oscilando, ora baixando, mas às vezes retornando.
Questionado sobre isso, o Dmae explicou que a Estação de Bombeamento 16, que fica na Rótula das Cuias, segue com operação reduzida, usando apenas um dos três motores disponíveis. O local voltou a ter problemas nos geradores, assim como registrado na terça-feira (14), quando a falta de combustível deixou a casa de bombas inoperante por um período.
No Menino Deus, lixo nas ruas
No bairro Menino Deus é possível perceber que, com o recuo da água, moradores e comerciantes começaram a descartar nas ruas móveis e objetos que molharam e não podem ser recuperados.
Na esquina das ruas Itororó e Barbedo, um contêiner de lixo destinado a materiais orgânicos estava transbordando e rodeado por calçados e outros itens em sacolas. Perto dali, pedaços de móveis de madeira haviam sido deixados na calçada. Na Rua Comendador Rodolfo Gomes, outro contêiner estava sobrecarregado com caixas, sacos plásticos e restos de vegetação.
Na José de Alencar, perto da Rua Grão Pará, a fachada de uma farmácia estava tomada por produtos revirados, principalmente fraldas infantis e geriátricas. Os funcionários haviam retirado os produtos que estavam inutilizados e encontraram, nesta quarta-feira (15), os pacotes abertos, mas logo abandonados, porque ficaram inchados pela água.
Limpeza
No meio da manhã desta quarta, agentes do DMLU faziam a limpeza da José de Alencar e retiravam os resíduos da farmácia com auxílio de uma retroescavadeira. Eles também removiam e raspavam o lodo perto do Hospital Mãe de Deus, já que a água baixou e recuou em direção à Avenida Praia de Belas, secando a parte da frente do local.
Equipes da prefeitura prepararam um plano de limpeza da cidade em razão da situação atual. Os trabalhos serão realizados nos 21 bairros mais atingidos pela enchente e avançam conforme as águas forem baixando.
Serão 20 equipes com 25 operários e haverá contratação de 550 equipamentos, entre caminhões, carretas retroescavadeiras. A prioridade serão as avenidas de maior circulação, para melhorar o trânsito. Os resíduos serão transportados para uma das quatro unidades provisórias de recebimento de resíduos: na Zona Norte, na Lomba do Pinheiro, na Serraria e um outro ponto a ser definido.