A placa com a cópia da carta-testamento do presidente Getúlio Vargas, fixada sobre uma pedra na Praça da Alfândega, no Centro Histórico, foi alvo de uma tentativa de furto na manhã de terça-feira (20). Uma réplica da peça, que reproduz as últimas palavras do presidente antes de cometer suicídio, em 1954, havia sido recolocada em 24 de agosto, há menos de um mês, após a anterior ter sido furtada, no início do ano.
Desta vez, dois homens arrancaram a placa do local, mas antes que fugissem foram repreendidos pelo segurança de uma loja e abandonaram a escultura de metal.
— Eles estavam com a placa na mão. Chamei a atenção deles. Perguntei o que estavam fazendo, eles largaram e saíram correndo. Eu recolhi, levei para a loja e entrei em contato com a Guarda Municipal hoje (quarta-feira, 21) para que pegassem comigo — relata Luis Alexandre Medeiros de Mello, 47 anos, segurança de uma loja localizada próxima à praça.
Há menos de um ano trabalhando no local, Mello conta que já presenciou diversos casos de vandalismo e tentativa de furto da placa. Segundo ele, só há policiamento na região em horário comercial.
— É uma pena porque ali tem uma pracinha, famílias vão com crianças, mas fora de horário comercial não dá para ir porque fica perigoso — lamenta o segurança.
De fato, o monumento já foi alvo de furto outras vezes. A peça original, em bronze, foi levada em 1966, 11 anos após a inauguração, e precisou ser substituída em 1975 por uma placa de aço, que foi novamente levada, em 2014. Desde então, foi instalada uma placa em metal mais barato, como tentativa de desencorajar os furtos. Porém, ela voltou a ser alvo neste ano.
— Ela não é feita de nenhum material com valor comercial significativo. Mas isso faz parte de uma onda de depredação, como o furto de fios de cobre, por exemplo. Mas nós vamos aumentar mais uma vez os cuidados na região. Não tem como deixar uma equipe de guarda 24 horas ali, mas vamos aumentar a regularidade das nossas patrulhas nessas praças — afirmou Marcelo do Nascimento Silva, comandante da Guarda Municipal de Porto Alegre.
Já em posse da prefeitura, a placa será avaliada pela Fundação Caminho da Soberania, uma entidade sem fins lucrativos que visa promover a preservação da memória de figuras importantes da história do país. É ela que faz reparos e efetua a instalação da placa quando preciso.
— Agora a gente recolhe, vê em que estado ela foi localizada, se dá apenas para recolocar ou precisa de algum reparo. Não tem como dizer quando será reinstalada, mas espero que o mais breve possível. Mas isso depende dessa avaliação que será feita — explica Daniel Vieira, procurador do Estado e presidente do Conselho Deliberativo da Fundação Caminho da Soberania.