Após a volta da cogestão ao modelo de distanciamento controlado, Porto Alegre passa a adotar as regras da bandeira vermelha a partir desta segunda-feira (22). Entre as mudanças está a permissão para reabertura do comércio não essencial e a possibilidade de uso de mesas em bares e restaurantes (veja as normas abaixo) — até domingo, apenas telentrega e pegue e leve estavam liberados.
As primeiras horas do dia, contudo, ainda não mostravam os efeitos esperados pelos comerciantes. No começo da manhã, por exemplo, apenas uma pessoa estava sentada à mesa da Lanches Adde, na Avenida Borges de Medeiros, cujo proprietário afirma não ter enfrentado tamanha crise em 30 anos de atividade.
— Nunca passei por nada parecido. Tive que dispensar meio time — conta Adilar Giongo, 61 anos.
O sentimento é compartilhado na Lanches e Cia, também na Borges de Medeiros.
— Ainda não senti diferença. As pessoas estão receosas. Muitas famílias dependem da gente, então, esperamos que melhore — define a proprietária, Juliana Weschenfelder, 31 anos.
Nas ruas do Centro Histórico, no entanto, era visível o aumento no número de pedestres. Vias como Voluntários da Pátria, Marechal Floriano Peixoto e Otávio Rocha tinham grande público circulando próximo das 10h.
Algumas lojas ainda mantiveram correntes na porta, como forma de controlar a entrada e saída dos consumidores. Em uma ótica, balões foram colocados na fachada para tentar atrair mais clientes.
Na loja Bolsas Leal, os expositores foram montados às 9h. A gerente do local, Lisiane Maciel, afirma que houve dificuldade em manter os funcionários desde o início das restrições.
— A esperança é que comece a melhorar — disse.
Há mais de três décadas no Centro, os proprietários do Restaurante Olá contam que perderam 40% do volume de vendas sem o serviço de bufê — proibido sob as normas da bandeira preta, válidas até então. Nesta segunda, às 10h, os pratos frios, como saladas e frutas, já estavam sendo colocados nas cubas para a nova retomada.
— Chegando a vacina a mais pessoas, espero que reduza a contaminação e tudo isso acabe — pedia um dos sócios, Ivo Stefani, 57 anos.
O irmão dele, Marcos Stefani, 42 anos, organizava a comida a ser servida a partir das 11h.
— A gente já chegou a vender 150 almoços por dia. Se chegar a cem hoje, está ótimo — calcula.
"Vim correndo"
Tradicional ponto da cidade, a Lancheria do Parque voltou a atender os fiéis frequentadores no bairro Bom Fim.
— Quando soube que estava aberto, vim correndo — afirmou o empresário Joel Schiavo, 44 anos.
O gerente do estabelecimento, Nilmar Turatti, 56 anos, calcula a redução no quadro diante das recentes restrições: dos 28 funcionários que tinha há um ano, hoje conta com seis.
Para evitar aglomerações, correntes foram colocadas perto do balcão, interditando os assentos. Algumas mesas também foram recolhidas. Às 10h30min, havia apenas quatro clientes consumindo no local.
— Movimento está muito fraco. Mas a gente podendo trabalhar já é muito bom — afirma o gerente.
Novo decreto do Estado
Publicado na noite de domingo (21), o novo decreto prorroga a suspensão de atividades não essenciais entre 20h e 5h nos dias úteis e durante fins de semana e feriados. As novas medidas são válidas da 0h desta segunda-feira até as 23h59min do dia 4 de abril.
Confira as principais normas da bandeira vermelha:
Supermercados - Permitido receber clientes de segunda a sexta-feira, das 5h às 22h. Das 22h às 5h, apenas delivery. Sábado, domingo e feriado pode receber clientes das 5h às 22h. Das 22h às 5h, apenas delivery.
Restaurantes, bares, lanchonetes, sorveterias - Permitido receber clientes presencialmente de segunda a sexta-feira, com restrições, das 5h às 18h. Liberadas pegue e leve e drive-thru entre as 5h e as 20h. Sábado, domingo e feriado: fechados para clientes presenciais. Liberado pegue e leve e drive-thru entre as 5h e as 20h. Telentrega sem restrições de horário. Lotação máxima de 25%. Distanciamento de dois metros entre as mesas. Máximo de quatro pessoas por mesa. Proibido música ao vivo.
Mercado Público - Permitido receber clientes de segunda a sexta-feira, das 5h às 22h. Das 22h às 5h, apenas delivery. Sábado, domingo e feriado pode receber clientes das 5h às 22h. Das 22h às 5h, apenas delivery.
Farmácias - Permitido receber clientes todos os dias da semana sem restrições de horário, desde que com restrições de distanciamento. Telentrega sem restrições de horário.
Comércio e serviços essenciais - Permitido receber clientes de segunda a sexta-feira, com restrições de distanciamento. Sábado, domingo e feriado: permitido funcionar, com restrições de distanciamento. Telentrega sem restrições de horário. Presença máxima de uma pessoa para oito metros de área. Horário preferencial para quem pertence a grupo de risco
Comércio não essencial - Permitido receber clientes presencialmente de segunda a sexta-feira, com restrições, das 5h às 20h. Das 20h às 5h, somente delivery. Sábado, domingo e feriado: fechado, somente delivery. Telentrega sem restrições de horário. Presença máxima de uma pessoa para 8 metros de área. Horário preferencial para quem pertence a grupo de risco.
Praias, praças e parques - Vedada permanência. Permitida a prática de esporte aquático individual.
Indústria e construção civil - Lotação máxima de 75% lotação de trabalhadores. Distanciamento interpessoal nos postos de trabalho e nos refeitórios.
Cinemas, drive-in, feiras, congressos, eventos sociais e corporativos, festas, festejos e procissões - fechados
Academias e piscinas (inclusive em condomínios) - Exclusivo para atividade individual com fins de manutenção da saúde. Lotação de uma pessoa para cada 32 metros de área útil de circulação. Grupo de no máximo duas pessoas para cada profissional habilitado.
Clubes sociais e esportivos - Fechadas áreas comuns para lazer.
Condomínios - Áreas comuns fechadas.
Salão de beleza, barbeiro e estéticas - Máximo de uma pessoa para 8 metros de área. Distanciamento de dois metros entre clientes. Horário preferencial para grupo de risco.
Pet shops - Lotação máxima de 25% de trabalhadores. Atendimento individual, sob agendamento, tipo pegue e leve.
Missas e cultos - Lotação máxima de 10%, limitada a 30 pessoas. Distanciamento entre grupos não coabitantes.
Bancos e lotéricas - Lotação máxima de 50% trabalhadores. Controle de acesso clientes (senha, agendamento ou sistema similar). Horário preferencial para pessoas pertencentes ao grupo de risco.
Serviços (sindicatos, conselhos, imobiliárias e consultorias) - Reforço teletrabalho/teleatendimento. Lotação máxima de 25% dos trabalhadores. Atendimento individual, sob agendamento.
Transporte coletivo - Lotação máxima de 50% da capacidade do veículo.