O presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Fernando Matos, afirmou que a entidade está agilizando a transferência dos médicos residentes lotados no Hospital Beneficência Portuguesa para outras casas de saúde.
A solicitação é provocada pelo agravamento da crise financeira pela qual passa o Beneficência, um dos hospitais mais antigos de Porto Alegre e que reduziu drasticamente os atendimentos. Dos 187 leitos, sendo 116 exclusivos para o Sistema Único de Saúde (SUS), menos do que 5% estão ocupados.
Conforme Matos, são cerca de 30 residentes que devem ser transferidos.
— Eles serão encaminhados para outras instituições que tenham serviços idênticos aos então prestados pelo Beneficência — explica.
O Cremers acompanha a situação da casa de saúde, inclusive participou de uma inspeção no local.
— A situação até o momento não é boa. O hospital está praticamente parado. Existe uma deficiência acentuada de insumos e medicamentos — detalha, ao frisar que os médicos também estão sem receber salários.
Na semana passada, parte dos funcionários fez uma paralisação de 72 horas em protesto aos quatro meses de atraso nos vencimentos. A direção do Beneficência Portuguesa garante que busca um financiamento para quitar os pagamentos e injetar dinheiro em caixa. Porém, o diretor José Antonio Pereira de Souza afirma que só irá se manifestar oficialmente quando tiver uma posição definitiva.
No último sábado (4), integrantes do Conselho Municipal de Saúde visitaram a instituição. De acordo com a coordenadora Mirtha Zenker, apenas seis pacientes estavam em atendimento no local, três por convênio e três pelo SUS.
— Não tinha nenhum médico de plantão no hospital, apenas dois enfermeiros — conta.
Segundo Mirtha, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com cerca de 15 leitos, estava vazia, assim como a maioria das alas. — Apenas o segundo andar estava com atividade — detalha.