Envolvido em uma crise financeira que reduziu de forma drástica o atendimento, o Hospital Beneficência Portuguesa, de Porto Alegre, é alvo de denúncias em relação a condições sanitárias. Funcionários da casa de saúde – que decidiram paralisar as atividades por 72 horas, a partir do dia 30, pelo atraso de três meses no pagamento dos salários – reclamam de falta de higienização e limpeza até nos blocos cirúrgicos.
Conforme o diretor da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Anderson Lima, a última inspeção ocorreu no dia 25 de julho, quando o órgão fez apontamentos e solicitou o cumprimento de alguns itens – entre eles, compra de álcool gel, reposição de papel toalha, sabonetes, instalação de torneiras e limpeza de áreas próximas aos pacientes.
— A instituição vem respondendo, dentro de sua condição, àquilo que é solicitado pela Vigilância em Saúde. Algumas ações são adequadas, outras têm pedidos de mais prazo — observa, ao destacar que nenhum dos itens exigia a interdição do hospital e que não colocam em risco os pacientes. — Mas é importante que, se a população verificar alguma situação, denuncie para que possamos averiguar. Uma vistoria é o retrato de um momento, o que pode mudar de um dia para o outro — acrescenta.
Afastada do trabalho por problema de saúde há mais de um mês, a funcionária Andreia dos Santos Pedron, 45 anos, reclama da precariedade do local. Ela – que atuava no bloco cirúrgico do Beneficência no período da noite – garante que contraiu uma bactéria dentro do hospital devido às más condições, o que a obrigou a se ausentar das funções e ingressar no INSS.
– O hospital alega que nos davam Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Mas nós nunca tivemos, a gente precisava comprar. E, se não temos dinheiro, como vamos comprar? — reclama.
Conforme o diretor da Vigilância em Saúde da capital, uma próxima vistoria deve ocorrer nos próximos dias.
— É um hospital bastante antigo, objeto de fiscalização, seja pelos programas rotineiros, seja pelas denúncias que chegam até aqui — garante Lima.
Procurada por GaúchaZH, a direção do Beneficência Portuguesa respondeu que só irá se manifestar depois da decisão sobre a liberação ou não do empréstimo junto à Caixa Econômica Federal. A instituição busca um financiamento, no valor de R$ 14 milhões, para pagar os funcionários e injetar dinheiro em caixa.