Sem recursos para comprar medicamentos e, até mesmo, comida para os pacientes, o Hospital Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre, reduziu o atendimento no último mês. Dos 160 leitos disponíveis na casa de saúde, apenas 60 estão ocupados nesta sexta-feira (18). Além disso, os quase 500 funcionários estão com os salários atrasados há mais de um mês.
De acordo com o presidente da instituição, José Antônio Pereira de Souza, um empréstimo de R$ 14 milhões está em análise pela Caixa Econômica Federal, através da linha de financiamento Caixa Hospitais.
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– Mas o recurso deve sair em, no mínimo, 20 dias. O Ministério da Saúde já aprovou a nova margem de consignação, mas o processo é composto por várias etapas até o banco liberar a verba – explica.
Segundo Pereira, a situação do hospital foi detalhada para o governador José Ivo Sartori. Um empréstimo “ponte” (que seria usado até o repasse da Caixa) de R$ 2,5 milhões foi pedido ao Banrisul, que negou a verba.
– Entendemos a motivação do Banrisul em não conceder o empréstimo, mas acreditávamos no apoio do governo gaúcho em interceder junto ao banco. Esse recurso manteria o atendimento pleno do Beneficência até a liberação pela Caixa – lamenta Pereira.
Os funcionários estão há mais de 30 dias com os salários atrasados. De acordo com o Sindissaúde, o vencimento referente ao mês de junho foi pago parcialmente, e o de julho ainda não foi depositado. Nessa quinta-feira (17), um protesto de servidores foi realizado em frente à instituição.
Enquanto a situação não é normalizada, o sindicato tenta marcar uma audiência pública na Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores de Porto Alegre para discutir alternativas ao hospital.
Conforme o secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, João Gabbardo dos Reis, a direção do Beneficência Portuguesa não o procurou para tratar sobre o assunto.
– Não temos ingerência sobre as decisões do Banrisul. Elas são feitas a partir de garantias exigidas até mesmo pelo Banco Central. A negativa do Banrisul não significa uma negativa do governo à situação do hospital – afirma Gabbardo, ao destacar que as dificuldades financeiras da casa de saúde são “históricas e crônicas”.