O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, confirmou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em depoimento na quinta-feira (21), que o ex-presidente tinha conhecimento do plano envolvendo Lula, Alckmin e Moraes. A informação foi confirmada pelo advogado Cezar Bittencourt, que representa o militar, em entrevista na GloboNews.
— Confirma que sabia, sim, na verdade o presidente de então sabia tudo. Na verdade, comandava essa organização — afirmou o advogado ao programa Estúdio I, da GloboNews.
Segundo o advogado de defesa, Cid "participou como assessor, verificou os fatos, indicou esses fatos ao seu chefe, que teria toda a liderança".
Na sequência, Bittencourt esclareceu, dizendo que não mencionou "plano de morte":
— Uma coisa importante que eu tenho que retificar, que saiu uma coisa errada aí, eu não disse que o Bolsonaro sabia de tudo. Até porque o tudo é muita coisa, né. Alguma coisa evidentemente ele tinha conhecimento, mas o que é o plano? O plano tem um desenvolvimento muito grande.
— Não falei plano de morte, plano de execução, de execução como sendo o plano de morte. Falei da execução do plano pensado, imaginado, desenvolvido, nesse sentido — declarou.
Bittencourt também confirmou que Cid forneceu mais detalhes sobre a atuação de Walter Braga Netto no plano de ruptura institucional.
O advogado afirmou ainda que o ex-ajudante de ordens era apenas um assessor presente em reuniões do presidente, mas que não possui detalhes sobre o conteúdo dessas reuniões.
— O que ele confirmou foi que as reuniões foram realizadas e com quem foram realizadas. (O depoimento) ontem (quinta-feira) foi apenas o coroamento desses fatos. Agora vem a conclusão, e deve ir para a PGR elaborar a denúncia — disse.
Na terça-feira (19), Cid havia prestado depoimento negando qualquer conhecimento de um plano para um golpe de Estado em dezembro de 2022. Ele foi chamado a depor após a Polícia Federal recuperar dados apagados de seu computador e também foi interrogado sobre o suposto plano para matar Lula, Alckmin e Moraes.
Os investigadores, insatisfeitos com as respostas, suspeitaram que Cid teria omitido informações e nomes, colocando em risco seu acordo de delação. No entanto, no depoimento de quinta-feira, Moraes ouviu Cid no STF e decidiu manter os termos da delação.