O tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, presta depoimento à Polícia Federal (PF), na sede do órgão, em Brasília, nesta segunda-feira (11). Segundo o g1, ele chegou à oitiva às 15h, e por volta das 23h30, ainda estava sendo ouvido pelos investigadores, somando mais de oito horas de depoimento.
Mauro Cid é ouvido no escopo da operação Tempus Veritatis, que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado por parte Bolsonaro e aliados. Ele não é investigado neste caso, mas é ouvido como colaborador, após fechar acordo de delação premiada com a PF em setembro. Neste acordo, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente deve repassar informações desejadas pelos investigadores para, em troca, ficar em liberdade.
O novo depoimento de Mauro Cid acontece depois de a Polícia Federal ouvir os ex-comandantes do Exército, o general Freire Gomes; e da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Baptista Júnior.
A PF espera que este depoimento de Mauro Cid esclareça ou reforce afirmações feitas por Freire Gomes, que foi ouvido pela operação em 1º de março.
Este é o sétimo depoimento de Mauro Cid à PF. Veja quando as outras oitivas aconteceram:
- 3 de maio de 2023: não falou
- 18 de maio de 2023: não falou
- 6 de junho de 2023: não falou
- 25 de agosto de 2023: 2 horas
- 28 de agosto de 2023: 10 horas
- 31 de agosto de 2023: 12 horas
- 11 de março de 2024: acontecendo
A operação
Nesta etapa da operação, a PF aponta que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar desinformação sobre supostas fraudes nas eleições de 2022. Essa atuação teria começado ainda antes do pleito, com o suposto objetivo de "viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital".
Segundo a PF, o primeiro eixo de atuação do grupo consistiu na construção e propagação de informação falaciosa sobre vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação. O discurso foi reiterado pelos investigados desde 2019 e persistiu mesmo após os resultados do segundo turno de 2022. Essas afirmações também faziam parte dos discursos do próprio ex-presidente Bolsonaro, e pesaram na decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que levou à sua inelegibilidade em 2023.
A partir da disseminação da desinformação, o grupo também teria praticado "atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível", conforme informado pela Polícia Federal.
A investigação apura os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.