O general Marco Antônio Freire Gomes prestou depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira (1º), em Brasília. A oitiva faz parte da operação Tempus Veritatis, que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados. Freire Gomes comandou o Exército em 2022 e foi ouvido na condição de testemunha, em que ele é legalmente obrigado a falar a verdade. As informações são do g1.
Freire Gomes começou a ser ouvido por volta de 15h desta sexta, na sede do órgão, e terminou de falar por volta das 22h, totalizando mais de sete horas de declarações.
Os investigadores entendem que o general teve um papel importante para evitar o uso das tropas do Exército nos atos golpistas. Contudo, ainda precisa explicar o motivo de não ter denunciado a trama golpista.
Na semana passada, Bolsonaro e aliados também foram convocados à comparecerem na PF para prestarem esclarecimentos aos investigadores. Alguns deles, inclusive o ex-presidente, no entanto, optaram por ficarem quietos no depoimento e não responderem aos questionamentos.
Investigações
A PF deflagrou no dia 8 de fevereiro a maior investida contra supostos articuladores dos atos antidemocráticos que culminaram nas invasões do 8 de janeiro de 2023. Batizada de Tempus Veritatis (Tempo da Verdade), a operação mirou o presidente Bolsonaro e alguns dos seus mais influentes auxiliares. Foram cumpridas quatro ordens de prisão e 33 mandados de busca e apreensão.
A investigação é amparada na delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o coronel do Exército Mauro Cid, em conversas extraídas de aplicativos de mensagens e até mesmo em um vídeo de uma reunião em que Bolsonaro discute com militares formas de questionar a legalidade do processo eleitoral.
Segundo a delação, Freire Gomes participou de conversas sobre a minuta do golpe com Bolsonaro. O general, porém, se recusou a aderir à trama golpista, gerando irritação entre militares e aliados do ex-presidente.
Mensagens extraídas pela PF do celular de Ailton Barros, militar reformado do Exército, mostram, por exemplo, que o general Walter Braga Netto, ex-chefe da Casa Civil e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022, teria chamado Freire Gomes de "cagão" por resistir às pressões para aderir ao golpismo.
Acampamento golpista
Freire Gomes também teve de responder perguntas sobre o acampamento golpista, montado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. Foi o general quem deu a ordem para que o acampamento não fosse desmobilizado.
Os investigadores querem entender se a ordem para interromper o trabalho da PF e da Polícia Militar do DF, que estava desmontando o acampamento, partiu dele ou de um superior.
A oitiva complementa a do general Estevam Theophilo, que segundo os investigadores, relatou que não tinha poder para ordenar as tropas, apenas coordená-las após ordens de outras pessoas.