A Polícia Federal (PF) intimou 24 pessoas para prestarem depoimento nesta quinta-feira (22) no âmbito da investigação sobre uma possível tentativa de golpe de Estado. Entre os convocados estão o ex-presidente Jair Bolsonaro e quatro ex-ministros de seu governo, além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Os depoimentos estão agendados para ocorrer simultaneamente, a partir das 14h30min. Todos os convocados são investigados na Operação Tempus Veritatis, deflagrada há duas semanas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Confira a lista de intimados:
BRASÍLIA
Jair Bolsonaro (ex-presidente)
Segundo a PF, há evidências de que o ex-presidente revisou uma minuta de decreto que poderia ser usada para apoiar o golpe em andamento. Ele informou que deve permanecer em silêncio durante o depoimento. O ministro Alexandre de Moraes negou o pedido de Bolsonaro para não comparecer. A defesa do ex-presidente contestou qualquer envolvimento na elaboração de um decreto ilegal contra o Estado Democrático de Direito.
Augusto Heleno (general e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional)
Em uma reunião ministerial, Heleno mencionou a possibilidade de "virar a mesa" antes das eleições e discutiu ações contra certas instituições e pessoas. Ele também comentou um plano para infiltrar agentes da Abin em campanhas eleitorais. O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ainda não comentou as investigações.
Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
Uma minuta de decreto relacionada à intervenção no TSE foi encontrada na casa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública. Torres afirmou que o documento era falso e seria descartado.
Marcelo Costa Câmara (coronel do Exército)
Suspeita-se que o ex-assessor de Bolsonaro tenha monitorado ilegalmente o ministro Alexandre de Moraes. Câmara compartilhou informações sobre os voos de Moraes com o tenente-coronel Mauro Cid. Sua defesa afirma que ele sempre agiu dentro da lei.
Mário Fernandes (ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência)
Em uma reunião ministerial, o ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência defendeu a ideia de uma ação antes da eleição, para evitar "fraude". Ele ainda não comentou as acusações.
Tércio Arnaud (ex-assessor de Bolsonaro)
Ex-assessor de Bolsonaro é acusado de participar do grupo "gabinete do ódio" e disse que ficará em silêncio durante o depoimento, pois, de acordo com a defesa, teve acesso incompleto aos autos.
Almir Garnier (ex-comandante geral da Marinha)
Durante uma reunião com Bolsonaro, Garnier teria apoiado o plano de golpe. O ex-comandante da Marinha fazia parte de um grupo de oficiais que usava sua posição militar para influenciar outros a apoiar o golpe. Garnier pediu orações e afirmou estar agindo corretamente.
Valdemar Costa Neto (presidente do PL)
O presidente do PL foi preso por posse ilegal de arma e usurpação de bens da União. Ele também é investigado pelo suposto uso da estrutura do partido para atacar as urnas eletrônicas.
Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
A PF alega que Nogueira manipulou um relatório do Ministério da Defesa sobre o sistema eleitoral para adiar sua divulgação após não encontrar falhas nas urnas eletrônicas. Sua defesa nega qualquer irregularidade.
Cleverson Ney Magalhães (coronel do Exército)
O coronel da reserva teria participado de uma reunião para recrutar membros das Forças Especiais para o golpe. Ele ainda não se pronunciou sobre as investigações.
Walter Souza Braga Netto (ex-ministro e ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro)
Como ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, Braga Netto é acusado de incitar críticas contra membros das Forças Armadas que não apoiaram o golpe. Ele teria ordenado ataques a comandantes do Exército e da Aeronáutica. Braga Netto negou as acusações, chamando-as de invenção.
Bernardo Romão Correia Neto (coronel do Exército)
Bernardo Ferreira de Araújo Júnior e Ronald Ferreira de Araújo Junior (oficiais do Exército).
Ronald Ferreira de Araújo Júnior, oficial do Exército
RIO DE JANEIRO
Ailton Gonçalves Moraes de Barros
Preso no caso que investiga falsificação de comprovantes de vacinação de Bolsonaro, o ex-major do Exército teria supostamente pressionado militares que não apoiaram o golpe. Ele não fez comentários sobre as acusações.
Rafael Martins
O major do Exército teria coordenado financeiramente atos antidemocráticos após as eleições, de acordo com as investigações. Ele não comentou o caso.
Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros
Cavaliere, tenente-coronel do Exército, teria participado da disseminação de desinformação sobre as eleições. Ele também não se manifestou sobre a investigação.
Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército
SÃO PAULO
Amauri Feres Saad, advogado
José Eduardo de Oliveira, pároco
PARANÁ
Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais
MINAS GERAIS
Éder Balbino, empresário
MATO GROSSO DO SUL
Laércio Virgílio, coronel reformado do Exército
ESPÍRITO SANTO
Ângelo Martins Denicoli, major do Exército
CEARÁ
Estevam Theophilo, general (esse depoimento é o único marcado para sexta-feira)