Correção: o advogado de Jair Bolsonaro que falou a jornalistas sobre o silêncio do ex-presidente à PF foi Paulo da Cunha Bueno, e não Fabio Wajngarten como publicado entre 15h15min e 18h25min desta quinta-feira (22). O texto já foi corrigido.
O ex-presidente Jair Bolsonaro ficou cerca de meia hora na sede da Polícia Federal, em Brasília, nesta quinta-feira (22), mas permaneceu em silêncio durante depoimento no âmbito da investigação sobre suposta tentativa de golpe de Estado.
— Esse silêncio não é simplesmente o uso do exercício constitucional silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos por quais estão sendo imputados ao presidente a prática de certos delitos — afirmou o advogado Paulo da Cunha Bueno, depois que Bolsonaro deixou o local.
A convocação de Bolsonaro para depor faz parte da operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal há duas semanas, segundo a qual o ex-presidente e aliados — incluindo ex-ministros, ex-assessores e militares de alta patente — se organizaram para tentar impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
— A falta de acesso a esses documentos, especialmente às declarações do tenente-coronel Mauro Cid, e às mídias eletrônicas obtidas dos telefones celulares de terceiros e computadores impedem que a defesa tenha um mínimo de conhecimento de por quais elementos o presidente é hoje convocado ao depoimento — acrescentou Bueno.
Além de Bolsonaro, outros alvos da Tempus Veritatis também foram intimados a prestar depoimento à PF. São eles: o coronel e ex-ajudante de ordens Marcelo Costa Câmara, o ex-assessor Tércio Arnaud Tomaz e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Por estratégia da PF, todos investigados tinham de depor ao mesmo tempo. Assim, a polícia tenta evitar que haja combinação de versões.
Por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o ex-presidente teve o seu passaporte apreendido e está proibido de deixar o país.
Em decisão de 135 páginas, Moraes afirma que os alvos da operação estariam planejando a execução de um golpe de Estado em uma organização formada por, pelo menos, seis diferentes tipos de atuação. Segundo a Polícia Federal, as tarefas das frentes tinham três objetivos: desacreditar o processo eleitoral, planejar e executar o golpe de Estado e abolir o Estado democrático de direito.
— O presidente Bolsonaro nunca foi simpático a qualquer tipo de movimento golpista — afimou Bueno a jornalistas na saída da sede da PF, nesta quinta-feira.