A Polícia Federal prendeu, na madrugada deste domingo(11), o coronel do Exército Bernardo Romão Correa Neto. Dos quatro alvos de mandados de prisão preventiva na Operação Tempus Veritatis, deflagrada na quinta-feira (8), o oficial era o único que ainda não estava sob a custódia da Justiça. O coronel é suspeito de integrar o grupo de auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro que planejava um golpe de Estado.
Correa Neto desembarcou no Aeroporto Internacional de Brasília, onde uma equipe da PF já o aguardava. Depois dos procedimentos iniciais, o coronel foi entregue à Polícia do Exército e teve três passaportes e seu celular apreendidos.
Correa Neto estava nos Estados Unidos desde o fim do governo Bolsonaro, quando foi designado para uma missão do Exército com término previsto para junho de 2025. A ida do coronel para o território americano foi um dos motivos apontados para sua prisão preventiva. A PF também considerou o risco de destruição de provas.
Intermediador em reunião
O militar era "homem de confiança" do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, e, de acordo com a PF, conversas registradas no celular de Cid demonstram que Correia Neto teria sido o intermediador de reunião, em novembro de 2022, logo após a eleição, entre militares que tramavam uma ruptura.
O pedido de prisão foi formulado pela PF e teve concordância da Procuradoria-Geral da República (PGR).
"Os diálogos encontrados no celular de Mauro Cid demonstram que Correa Neto intermediou o convite para reunião e selecionou apenas os militares formados no curso de Forças Especiais ("kids pretos"), o que demonstra planejamento minucioso para utilizar, contra o próprio Estado brasileiro, as técnicas militares para consumação do golpe de Estado", escreveu o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao autorizar a operação da semana passada.
Moraes viu na saída de Correa Neto do país "fortes indícios de que o investigado agiu para se furtar ao alcance de investigações e da aplicação da lei penal". A defesa do coronel não se manifestou.
A operação
Na última quinta-feira (8), o militar, além de outras três pessoas se tornaram alvo da operação Tempus Veritatis e tiveram a prisão preventiva decretada.
Correa Neto não foi preso na ocasião porque estava nos Estados Unidos. De acordo com o Exército, assim que a decisão judicial foi publicada, as devidas providências para retorno do militar ao Brasil foram tomadas.
Correa Neto atuou como instrutor de cavalaria durante três anos na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e era considerado um oficial bem-quisto pelos colegas e subordinados.
Os outros três presos
- Filipe Martins, ex-assessor especial de Jair Bolsonaro;
- Marcelo Câmara, coronel da reserva do Exército e assessor do ex-presidente;
- Rafael Martins, tenente-coronel do Exército.