Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro ocupam parte da Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (25). O ato foi convocado pelo ex-titular do Planalto em meio às investigações da Polícia Federal que apuram o suposto planejamento de um golpe de Estado.
Os presentes vestem camisas verde e amarelo e seguram bandeiras do Brasil. Em vídeo divulgado no dia 13, Bolsonaro ressaltou que o ato seria "pacífico" e pediu aos apoiadores que evitassem levar faixas "contra quem quer que seja". De acordo com o site G1, o ato ocupava seis quarteirões e meio da avenida por volta das 16h. A Polícia Militar mobilizou 2 mil homens para fazer a segurança na Paulista.
O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), um dos cartões postais da capital paulista que fica na Avenida Paulista, está fechado neste domingo por conta da manifestação.
Chegada de Bolsonaro
Bolsonaro chegou ao local pouco depois das 14h. O ex-presidente estava acompanhado. do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e do deputado federal Tenente-coronel Zucco (PL-RS). No palanque, Jair Bolsonaro ficou ao lado da ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, dos filhos, de ex-ministros parlamentares e aliados políticos.
Michele Bolsonaro abriu o ato com uma manifestação religiosa. Proibido de manter contato com Bolsonaro e outros investigados de tentativa de golpe de Estado, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, fez um rápido discurso no início do ato, agradeceu a presença dos militantes e deixou o local.
Na sequência, discursaram os deputados federais Gustavo Gayer (PL-GO) e Nikolas Ferreira (PL-MG). Há um cuidado especial com o uso da palavra, para evitar que haja ataques ao STF ou incitações à intervenção militar e golpe de Estado. Embora mais de cem deputados tenham confirmado presença, pouco mais de 10 pessoas irão discursar.
Discursos de Tarcisio e Malafaia
Falando em nome dos governadores presentes, Tarcísio evitou polêmicas e resgatou realizações do governo Bolsonaro, como a criação do PIX.
— Tanta coisa boa aconteceu. Gente, quem lembra do PIX? Isso mudou a vida das pessoas. Hoje nossa economia anda por causa do PIX - afirmou.
Subiram ao palanque os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado, de Minas Gerais, Romeu Zema, e de Santa Catarina, Jorginho Melo.
Na sequência de Tarcísio, falou o pastor Silas Malafaia, que financiou o ato gastando cerca de R$ 100 mil na contratação dos carros de som e da estrutura. No discurso, Malafaia disse que não atacaria as instituições, mas lançou uma série de suspeitas sobre a atuação do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal Superior Eleitoral. Para Malafaia, a investigação da tentativa de golpe de Estado foi criada para prejudicar Bolsonaro. Ele colocou em dúvida a participação de bolsonaristas nas depredações do 8 de Janeiro.
— Começou, então, a narrativa de golpe. Cadê os vídeos gravados pelas câmeras do governo, que estão em posse de Alexandre de Moraes? O povo tem que saber quem está por trás dessa safadeza e daquela baderna — afirmou.
Entenda o contexto da manifestação
Bolsonaro e seus aliados próximos são investigados por supostamente articularem um golpe após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição de 2022. No último dia 8, após autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o ex-presidente teve o passaporte apreendido.
Em decisão de 135 páginas, Moraes afirma que os alvos da operação estariam planejando a execução de um golpe de Estado em uma organização formada por, pelo menos, seis diferentes tipos de atuação. Segundo a Polícia Federal, as tarefas das frentes tinham três objetivos: desacreditar o processo eleitoral, planejar e executar o golpe de Estado e abolir o Estado democrático de direito.
No dia 22, Bolsonaro compareceu na sede da Polícia Federal, em Brasília, para prestar depoimento sobre o caso, mas permaneceu em silêncio. O advogado Paulo da Cunha Bueno explicou que não teve acesso a todas as provas que fundamentaram a operação Tempus Veritatis.
Além de Bolsonaro, outros alvos da Tempus Veritatis também foram intimados a prestar depoimento à PF, como o coronel e ex-ajudante de ordens Marcelo Costa Câmara, o ex-assessor Tércio Arnaud Tomaz e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Por estratégia da PF, todos investigados tinham de depor ao mesmo tempo. Assim, a polícia tenta evitar que haja combinação de versões.
O advogado Marcelo Bessa, que representa Valdemar, informou que ele respondeu todas as perguntas dos investigadores. O advogado Eumar Novacki, que representa o ex-ministro Anderson Torres, confirmou que ele não ficou em silêncio.