O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro estão na lista de pessoas que devem ser ouvidas simultaneamente pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (31). Os depoimentos ocorrem em meio às investigações sobre o recebimento e a destinação de joias e presentes dados por autoridades estrangeiras ao governo federal durante o mandato de Bolsonaro.
Além do casal, outras seis pessoas foram intimadas a depor:
- Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro;
- tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-mandatário;
- general da reserva Mauro César Lourena Cid, pai de Cid e colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman);
- coronel Marcelo Câmara, assessor especial de Bolsonaro;
- tenente Osmar Crivellati, assessor do ex-chefe de Estado;
- Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência da República e advogado de Bolsonaro.
A estratégia de depoimentos simultâneos é utilizada pela PF para evitar que os suspeitos combinem versões sobre o fato investigado.
Os depoimentos desta quinta ocorrerão em um contexto distinto. Isso porque, na sexta (25) e segunda-feira (28) passadas, Mauro Cid passou a colaborar com a investigação, respondendo os questionamentos da PF. Apenas na segunda, foram cerca de 10 horas depondo. O conteúdo da conversa com os investigadores está em sigilo. A mudança na estratégia de defesa de Cid coincidiu com a entrada do advogado Cezar Bitencourt no caso.
Mauro Cid está preso desde maio por conta de outra investigação, neste caso, sobre um suposto esquema de fraudes nos cartões de vacinação contra a covid-19.
Segundo apuração do jornal CNN, entre as informações, a PF quer saber de onde partiu a ideia da venda de itens recebidos pelo governo, para quem teriam sido vendidos e como foram os processos de recompra e retorno de alguns objetos para o Brasil.
Suposta venda ilegal de joias
A Polícia Federal (PF) deflagrou no dia 11 de agosto a Operação Lucas 12:2, no âmbito da investigação sobre os presentes dados a Bolsonaro por delegações estrangeiras. É investigada a tentativa de vender, de forma ilegal, itens como joias e um relógio da marca Rolex.
O advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, é uma das pessoas que está na mira dos investigadores. Conforme a PF, ele recomprou, nos Estados Unidos, o relógio que teria sido vendido ilegalmente pelo general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid. O objetivo da recompra seria entregar o objeto ao Tribunal de Contas da União (TCU), que exigiu a devolução do item para a União. De acordo com as regras, os presentes deveriam ser incorporados ao patrimônio do Estado, e não de uma pessoa.
A operação da PF foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O ministro também determinou, no dia 17, a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Bolsonaro e da ex-primeira-dama.
Bolsonaro pede para adiar depoimento à PF sobre fake news
Jair Bolsonaro pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para adiar o depoimento à Polícia Federal (PF) sobre a disseminação de fake news.
Os advogados de Bolsonaro argumentaram que só na noite da última segunda-feira conseguiram uma cópia da investigação. A defesa alega que não há "tempo hábil" para analisar tudo. São mais de duas mil páginas.
Diálogos recuperados pela Polícia Federal mostram que o ex-presidente pediu para Joseph Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, "espalhar ao máximo" informações falsas sobre o processo eleitoral.
Seis empresários bolsonaristas começaram na mira do inquérito, mas hoje apenas Nigri e Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, são investigados.