Mauro Cid, tenente-coronel e ajudante de ordens de Jair Bolsonaro durante a gestão dele como presidente, prestará depoimento na tarde desta quinta-feira (18) à Polícia Federal (PF). Cid falará no âmbito do inquérito que investiga um suposto esquema de fraudes em certificados de vacina contra a covid-19.
O esquema investigado teria supostamente beneficiado Jair Bolsonaro, a filha de 12 anos do ex-presidente, e o próprio Cid, a esposa dele e também a filha do militar. Na terça-feira (16), Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal sobre o caso, e afirmou que "que nunca determinou e nem soube da inserção de dados falsos no ConecteSUS".
No dia 3, a Polícia Federal deflagrou a Operação Venire, que cumpriu seis mandados de prisão e 16 mandados de busca e apreensão, em Brasília e no Rio de Janeiro. Mauro Cid foi um dos presos na operação.
A polícia investiga um grupo suspeito de ter inserido dados falsos sobre vacinação contra a covid-19, dando status de imunizadas a pessoas que não tomaram as doses. As inserções teriam ocorrido, segundo comunicado divulgado pela PF, entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, e "tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a covid-19 dos beneficiários".
Quem é Mauro Cid
Com acesso livre ao Palácio do Planalto nos últimos quatro anos, Mauro Cesar Barbosa Cid, o Mauro Cid, ou "coronel Cid", se consolidou como ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. O pai do coronel Cid, o general Mauro Cesar Lourena Cid, foi contemporâneo do ex-presidente Jair Bolsonaro na Academia das Agulhas Negras (Aman), e a relação se estendeu para outros membros da família.
A atuação do discreto assessor presidencial ganhou os holofotes, porém, depois que vieram à tona conversas dele no WhatsApp com o blogueiro Allan dos Santos, no inquérito aberto para investigar a organização e o financiamento de atos antidemocráticos. Em depoimento prestado, Mauro Cid declarou à Polícia Federal que não se recordava de "ter estabelecido" conversas com Allan dos Santos sobre a "necessidade de intervenção das Forças Armadas", e negou apoiar a ideia.
Cid também esteve envolvido no caso das joias avaliadas em R$ 16,5 milhões que uma comitiva do governo Bolsonaro trouxe ilegalmente para o Brasil. O ajudante de ordens e "faz-tudo" do ex-presidente foi o primeiro a ser escalado para resgatar pessoalmente joias e relógio de diamantes. Um documento enviado à Receita informando que um auxiliar do presidente iria pegar as joias era assinado pelo próprio Cid.
Já no governo Lula, Cid também foi considerado o pivô da demissão do então comandante do Exército, general Júlio César de Arruda. Arruda mostrou resistência para exonerar o tenente-coronel Cid, nomeado para chefiar o 1º Batalhão de Ações de Comando do Exército em Goiânia. Então, Arruda foi retirado do cargo após 23 dias de trabalho.