O depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro na sede da Polícia Federal (PF) em Brasília foi concluído no final da tarde desta terça-feira (16) após duas horas e meia e sessenta perguntas – todas respondidas. Segundo informações do g1, Bolsonaro disse que nunca determinou e nem soube da inserção de dados falsos no ConecteSUS. Ele declarou ainda que nem teria razão de fazer isso.
O ex-presidente foi interrogado no inquérito que apura um possível esquema de adulteração de cartões de vacinação, que teria favorecido ele, sua filha Laura, o ex-assistente Mauro Cid e seus familiares.
Dado o envolvimento de vários personagens na operação, a PF indagou Bolsonaro sobre cada um deles, visando compreender a natureza de suas relações. Ele foi questionado se tinha conhecimento do esquema e se ele próprio havia dado a ordem para acessar o sistema do Ministério da Saúde, onde os dados relacionados à vacinação contra a covid-19 foram inseridos e posteriormente removidos.
Outros questionamentos
De acordo com informações do jornal O Globo, o delegado responsável pelo inquérito, Fábio Shor, não questionou o ex-presidente apenas sobre as fraudes nos cartões de vacinação dele e de sua filha Laura. Perguntou também sobre questões relativas à preparação dos atos antidemocrático de 8 de janeiro.
Shor quis saber ainda se ele tinha conhecimento das conversas de teor golpista entre Mauro Cid, Aílton Barros e Elcio Franco nas articulações das manifestações golpistas e sobre os acampamentos bolsonaristas em frente aos quarteis.
Em relação ao caso das vacinas, Bolsonaro negou categoricamente sua participação no esquema de fraude de cartão de vacinação e reiterou que não deu qualquer ordem para que isso fosse feito, nem ao tenente-coronel Mauro Cid nem ao seu assessor Max Guilherme, ambos detidos desde a semana passada.
Após o interrogatório, o depoimento está sendo revisado pela equipe de defesa do ex-presidente, composta por quatro advogados que o acompanham na Polícia Federal: Paulo Cunha Bueno, especialista em direito criminal, é um dos membros do grupo; Daniel Tesser é especializado em Direito Aduaneiro e também faz parte da equipe; Marcelo Bessa é responsável por acompanhar os processos do ex-presidente nos tribunais superiores; além deles, o ex-chefe da Secom, Fábio Wajngarten, que também é advogado, desempenha o papel de cuidar da comunicação de Bolsonaro.
Terceiro depoimento
Este é o terceiro depoimento de Jair Bolsonaro à PF desde março, quando o ex-presidente retornou dos Estados Unidos, onde havia viajado em dezembro de 2022. Bolsonaro já foi interrogado em inquéritos relacionados ao caso das joias apreendidas pela Receita Federal, bem como na investigação sobre os atos de 8 de janeiro, quando simpatizantes radicais invadiram e vandalizaram as sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.