Jair Bolsonaro voltou a fazer acusações contra o sistema eleitoral brasileiro neste sábado (7). Durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais o presidente afirmou:
— Querem no tapetão decidir as coisas no Brasil. Isso não pode ser dessa maneira. Democracia nasce do voto responsável e contabilizado — disse ao chegar para uma "motociata" com apoiadores em Florianópolis (SC).
Bolsonaro quer o voto impresso para as eleições de 2022, mas a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que muda o sistema de votação no Brasil foi derrotada na comissão especial por 23 a 11. Na sexta-feira (6), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), anunciou que, a despeito da rejeição, decidiu levar para o plenário a discussão sobre o voto impresso.
A proposta que institui o voto impresso no Brasil deve ser votada no plenário até a próxima quarta-feira. Para ser aprovado, o texto precisa de pelo menos 308 votos na Câmara e 49 no Senado, em duas votações em cada Casa, um número que dirigentes de partidos acham muito difícil de alcançar em razão do cenário de crise. Lira já avisou a Bolsonaro que, se o texto for rejeitado, não aceitará ruptura institucional.
Na transmissão de hoje, Bolsonaro disse que "reconhece o que está em risco com a política" e afirmou que os políticos precisam "ouvir a população". O presidente ainda citou "dificuldades" enfrentadas, como a pandemia, a crise hidrológica e a geada que afetou a produção no campo, mas disse ter "lealdade" ao povo.
— Há preocupação por parte de muita gente com o destino da política do nosso país, com sua liberdade— afirmou Bolsonaro.
Na última terça-feira (3), Bolsonaro se tornou alvo de uma investigação instaurada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes a pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em razão das alegações sobre fraudes nas urnas eletrônicas.
A notícia-crime contra Bolsonaro foi apresentada ao STF na noite de segunda-feira (2) pelo presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, que atualmente é o alvo preferencial dos ataques do presidente. O pedido de investigação veio depois de Bolsonaro fazer uma live apresentando vídeos antigos e informações falsas contra as urnas eletrônicas, alegando mais uma vez que o sistema é fraudável.
Após essa live, Bolsonaro também se tornou alvo de inquérito administrativo no TSE, que vai apurar se o presidente praticou "abuso do poder econômico e político, uso indevido dos meios de comunicação, corrupção, fraude, condutas vedadas a agentes públicos e propaganda extemporânea".