A diretora técnica Emanuela Medrades, da Precisa Medicamentos, minimizou o modelo de negociação pela vacina indiana Covaxin e disse que a empresa tentou reduzir o preço das doses. O contrato é investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.
A Precisa intermediou a negociação por 20 milhões de doses entre o Ministério da Saúde e o laboratório Barath Biontech, da Índia.
— A política de precificação da Covaxin é 100% da Barath Biontech. A Precisa não atua na precificação. O que nós fizemos, e que estava ao nosso alcance, foi tentar o tempo todo reduzir esse custo — disse Emanuela nesta quarta-feira (14).
De acordo com ela, tanto a Precisa quanto o governo tentaram reduzir o preço. Conforme Emanuela, a agilidade do Ministério da Saúde em fechar o contrato para a compra da vacina, em fevereiro, ocorreu porque a empresa aceitou todas as condições estabelecidas pela pasta.
A atuação da Precisa e o empenho de R$ 1,6 bilhão em nome da empresa brasileira, e não da companhia indiana, são apontados como fatos suspeitos na negociação. Ao ser questionada sobre o contrato, a diretora argumentou que a legislação brasileira obriga empresas internacionais que não estão estabelecidas no país a ter um representante nacional.
Emanuela confirmou que o valor das doses estabelecido foi de US$ 15, mas se negou a responder qual seria a parcela da Precisa no recebimento. A diretora relatou que a negociação entre a Precisa e a Barath Biontech começou em junho de 2020.
No depoimento, a representante justificou o empenho de R$ 1,6 bilhão para o envio das primeiras doses, feito em nome da Precisa, e não do fabricante na Índia.
— Isso é normal. As empresas que representam, geralmente, geralmente não, sempre o empenho é emitido para aqueles que estão representando — declarou. — O empenho é para a Precisa, mas o pagamento é lá fora.
Ela atribuiu para si a iniciativa de procurar o Ministério da Saúde para viabilizar a oferta de doses da Covaxin. A primeira reunião com a Secretaria de Vigilância em Saúde, afirmou, ocorreu no dia 3 de novembro de 2020.
— Foi uma iniciativa, inclusive minha, a partir do momento que tínhamos uma vacina bastante potencial — declarou.
O contrato foi assinado no dia 25 de fevereiro, totalizando 114 dias de negociação.