O presidente da República Jair Bolsonaro falou na noite desta quinta-feira (8) ao canal CNN Brasil sobre a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as ações do governo na pandemia de coronavírus, determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso. Bolsonaro evitou criticar diretamente a decisão, mas afirmou que o país não precisa de conflito.
— O Brasil está sofrendo demais, e o que nós menos precisamos é de conflito. De minha parte, respeito completamente a nossa Constituição. Não tem um pingo fora das quatro linhas da mesa. A vantagem é que a gente vê que a população cada vez mais se interessa por política, debate, discute. Agora, seria bom se todo mundo jogasse dentro das quatro linhas. Só isso — afirmou Bolsonaro.
A decisão de Barroso aconteceu no âmbito de mandado de segurança pedido por dois senadores do Cidadania, Alessandro Vieira (SE) e Jorge Kajuru (GO). Ele também liberou o tema para julgamento colegiado no Plenário Virtual do STF.
O ministro justificou a concessão da liminar com urgência em razão do agravamento da crise sanitária no país que está “em seu pior momento, batendo lamentáveis recordes de mortes diárias e de casos de infecção”. O pedido obteve 31 assinaturas, mais do que as 27 necessárias para instauração.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que irá cumprir a decisão.
— Eu vou cumprir a decisão, pois tenho responsabilidade institucional e física. Vou buscar garantir a segurança institucional e física dos senadores. A partir da semana que vem, na primeira sessão do Senado, será lido o requerimento. Os partidos já poderão escolher os seus membros — afirmou Pacheco.
O senador, que foi eleito presidente da Casa com apoio de parlamentares aliados do governo federal, não deixou de fazer críticas à decisão de Barroso:
— CPI da pandemia vai ser um ponto fora da curva. E pode ser o coroamento de um insucesso do enfrentamento nacional no combate à pandemia. Como nós podemos apurar o passado sem resolver o presente? Além dos requisitos que eu reconheço, e são expressão de um direito da minoria, há no Brasil a necessidade de um juízo de conveniência e oportunidade sobre a instauração de uma CPI. Isso é o que me fez levar até agora essa posição, pois não é o momento — reafirmou.