O ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, confirmou que o presidente Jair Bolsonaro sinalizou que pretende demiti-lo na próxima segunda-feira (18).
— A tendência é essa, exoneração — disse neste sábado (16) a jornalistas.
— Eu quero ver o papel com a exoneração, a hora em que sair o papel com a exoneração é porque eu fui exonerado — afirmou.
Bebianno tornou-se o centro de uma crise instalada no Palácio do Planalto depois que a Folha de S.Paulo revelou a existência de um suposto esquema de candidaturas laranjas do PSL, presidido pelo ministro entre janeiro e outubro de 2018. Ata de reunião do partido delegou a Bebianno a responsabilidade pelos repasses dos recursos públicos usados por esses candidatos.
Sem citar Bolsonaro, Bebianno publicou durante a madrugada uma mensagem em rede social dizendo que "a lealdade é um gesto bonito das boas amizades". "Uma pessoa leal sempre será leal. Já o desleal, coitado, viverá sempre esperando o mundo desabar na sua cabeça", diz trecho da íntegra da mensagem, atribuída por ele ao escritor brasileiro Edgard Abbehusen.
Na manhã deste sábado, o ministro Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, esteve no Palácio do Alvorada para discutir o assunto com o presidente. Ele tem sido o principal interlocutor para buscar uma solução.
Na sexta, Onyx liderou o movimento de ministros que chegou a garantir a permanência de Bebianno. No fim da tarde, porém, o clima azedou de vez após uma reunião entre Bolsonaro e o ministro da Secretaria-Geral.
Crise no governo
A temperatura da crise subiu na quarta-feira (13), quando Carlos Bolsonaro, o filho que cuida da estratégia digital do presidente, postou no Twitter que o então ministro havia mentido ao jornal O Globo ao dizer que conversara com Bolsonaro três vezes na véspera, negando a turbulência política. Mais tarde, no mesmo dia, Carlos divulgou um áudio no qual o presidente da República se recusa a conversar com Bebianno.
Bolsonaro, que seguia para Brasília depois de passar 17 dias internado em São Paulo após cirurgia para reconstruir o trânsito intestinal, endossou a atitude do filho – e o fez publicamente, repostando a acusação de Carlos e dizendo em entrevista à TV Record que não havia conversado com o ministro. Na mesma entrevista à Record, o presidente disse ter determinado a abertura de inquérito da Polícia Federal sobre o esquema de candidaturas laranjas de seu partido e que, se Bebianno estivesse envolvido, "o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens", ou seja, deixar o governo.