A crise envolvendo supostas candidaturas laranjas do PSL levou o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, a desmentir publicamente o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno.
Apontado como responsável pela liberação de recursos do fundo partidário para campanhas fantasma, Bebianno disse, na terça-feira, que havia conversado três vezes com o presidente, numa tentativa de desfazer a impressão de vem sofrendo sérios desgastes dentro do governo.
Na tarde desta quarta-feira (13), contudo, Carlos Bolsonaro publicou mensagem no Twitter negando as conversas. "Ontem estive 24h do dia ao lado do meu pai e afirmo: ´É uma mentira absoluta de Gustavo Bebbiano [sic] que ontem teria falado 3 vezes com Jair Bolsonaro para tratar do assunto citado pelo Globo e retransmitido pelo Antagonista´", escreveu o vereador, citando veículos de imprensa que noticiaram as declarações do ministro.
Logo em seguida, Carlos foi além. Na mesma rede social, divulgou um áudio no qual Bolsonaro, ainda internado na terça-feira, aparece recusando diálogo com Bebianno.
- Ô Gustavo, tá complicado eu conversar ainda. Então não vou falar, não vou falar com ninguém, a não ser o estritamente essencial. E tô em fase final aqui de exames para possível baixa hoje, tá ok? Boa sorte aí - diz o presidente na gravação.
Bebianno liberou R$ 250 mil do fundo partidário para a campanha de uma ex-assessora, no Recife, nas eleições do ano passado. Conforme reportagem do jornal Folha de S. Paulo, ela repassou parte do dinheiro a uma gráfica registrada em endereço de fachada e desprovida de máquinas para impressão.
No final de semana, a Folha de S. Paulo havia publicado reportagem semelhante, mostrando outra candidata suspeita de ser laranja repassando verba do fundo partidário para a mesma empresa. As duas candidatas tiveram votação inexpressiva e passaram os recursos à gráfica nas vésperas da eleição, quando havia pouquíssimo tempo para fazer propaganda eleitoral.
Presidente nacional do PSL, o deputado Luciano Bivar disse que a decisão de passar o dinheiro às candidatas havia sido de Bebianno. À época, o agora ministro respondia interinamente pela presidência do partido. A Polícia Federal instaurou inquérito para investigar o caso.
Nos bastidores, comenta-se que que Bolsonaro responsabiliza Bebianno pela crise. Além de se negar a atender o ministro, ele determinou que Bebianno suspendesse reuniões e até mesmo uma viagem prevista para Amazônia hoje, quando discutiria obras na região. No Planalto, já há quem avente a possibilidade de Bebianno ser forçado a pedir demissão.