O Instituto Federal Farroupilha (IFFar), de São Borja, também terá um curso de extensão chamado O Golpe de 2016 e o Futuro da Democracia no Brasil. Os encontros devem ter início em 17 de abril, data que marca os dois anos da sessão em que a Câmara dos Deputados aprovou a abertura do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
A coordenação é de um grupo de professores do IFFar de São Borja. No entanto, o curso terá a participação de professores e estudantes de pós-graduação de outras instituições como Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Cerca de 22 professores serão responsáveis por conduzir a discussão de textos que "problematizem o processo do golpe, suas causas, consequências, as reações, os protestos e ou interpretações a respeito da fragilidade das instituições republicanas no Brasil", segundo explicam os organizadores. Sobre a polêmica envolvendo a criação de cursos com esse tema, a organização defende que os espaços acadêmicos devem ser ambientes críticos "acerca de todas as correntes de pensamentos".
Para os professores que participam da organização, a acusação de que cursos que analisam o impeachment como golpe terem motivação partidária são uma tentativa de desqualificar as iniciativas que pretendam "pensar o momento político atual".
— Nosso objetivo é refletir sobre o processo de impedimento da presidenta Dilma a partir de referenciais teóricos e discussões acadêmicas sérias — afirma a professora de Direito Aline Adams.
Sobre as críticas recebidas por outros cursos lançados anteriormente, como o da UFRGS, o professor de história do IFFar São Borja Leandro Goya Fontella defende que há espaço para debate.
— Os que se sentem desconfortáveis com a promoção dos cursos que se orientam a partir da apreciação de que passamos por um processo de ruptura institucional ilegítima podem se matricular nos projetos propostos, apresentar suas avaliações e as bases intelectuais que sustentam seus argumentos ou então propor cursos que analisem este processo a partir de outra perspectiva — afirma.
O curso
A ideia é ofertar 40 vagas divididas entre 15 para alunos e servidores do IFFar de São Borja e 25 para a comunidade em geral, com prioridade para professores do ensino básico da rede pública. O curso de extensão será gratuito. Ainda segundo a organização, os professores participarão de forma voluntária sem receber nenhum subsídio. Os encontros serão semanais, com duas horas cada. O cronograma de palestras ainda está sendo definido.
Solidariedade à professor da UnB
Segundo a organização, o curso do IFFar de São Borja foi criado como uma forma de apoio ao professor Luis Felipe Miguel da Universidade de Brasília (UnB), idealizador da disciplina com o mesmo tema. A iniciativa causou polêmica após o ministro da Educação, José Mendonça Filho, mandar investigar os envolvidos na criação da disciplina por improbidade administrativa. Depois disso, diversas universidades federais passaram a ofertar cursos com o mesmo tema.
O que diz o IFFar:
Por meio de uma nota oficial encaminhada à GaúchaZH, o IFFar afirma que os institutos federais, assim como as universidades, "têm liberdade para criar atividades de extensão", como o curso oferecido em São Borja. Na nota a instituição diz ainda que qualquer leitura feita sobre o impeachment de Dilma Rousseff não pode negar o impacto histórico e social do acontecimento.
"Trata-se um tema de fundamental importância para professores que atuam na educação básica e que precisam formar cidadãos críticos sobre os acontecimentos nacionais, bem como para qualquer cidadão interessado nos acontecimentos de seu próprio país", afirma a instituição. A nota diz ainda que a proposta é analítica e aberta a todos os cidadão, inclusive aqueles que não concordarem com a leitura oferecida.