A criação do curso "O golpe de 2016 e a nova onda conservadora no Brasil" no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRGS provocou reações na Assembleia Legislativa.
Autor do projeto de lei que institui a chamada "escola sem partido", o deputado Marcel Van Hattem (PP) analisa medidas judiciais contra a iniciativa.
— Vou estudar com mais calma o caso e ver o que fazer, se ingresso com alguma ação judicial ou notifico o Ministério Público — disse o parlamentar.
Para Van Hattem, a questão tem gravidade maior por se tratar de uma universidade federal usando recursos públicos "para construir uma narrativa mentirosa".
O deputado diz que o teor das disciplinas e o suposto comportamento ideológico dos professores desrespeita a impessoalidade e o pluralismo necessários em sala de aula.
— O impeachment foi um processo constitucional, apoiado por milhões de pessoas e teve o rito determinado pelo Supremo Tribunal Federal, inclusive legitimado pela parte que o sofreu, pois a própria Dilma compareceu à sessão do Senado. Está se tentando criar uma narrativa que agride a liberdade de aprender do estudante. Alguns desses professores são notórios militantes, até extrema esquerda.
Com visão distinta de Van Hattem, o deputado Tarcísio Zimmermann (PT) avalia que o curso é reflexo do fortalecimento de uma plataforma de direita no país, cujo movimento político mais ousado foi a deposição da então presidente Dilma Rousseff.
Para além do impeachment, Zimmermann cita como outros efeitos dessa escalada conservadora o próprio "escola sem partido".
— Por trás de uma ideia correta, que é uma educação despartidarizada, está uma bandeira fascista de quem deseja uma escola sem pensamento crítico — avalia.
O deputado diz que a criação de cursos semelhantes em várias cidades do país apenas legitima a liberdade e a autonomia das universidades na confecção da grade curricular, sobretudo em temas históricos e sociológicos.
— Não dá para fugir de uma análise crítica de um episódio histórico como foi o impeachment. É preciso estudar como esse processo se produz na sociedade. E quem acha que não foi golpe que crie seu curso. Não há problema algum com isso — conclui o parlamentar.