Após Marcel van Hattem (PP) informar que ingressou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra o curso O Golpe de 2016 e a Nova Onda Conservadora no Brasil, o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) afirmou que "não reconhece o suplente de deputado como interlocutor e, por isso, não comenta suas atitudes".
— O IFCH prefere não debater com o suplente de deputado. Nosso trabalho é dentro da universidade, e nosso público é a comunidade acadêmica e interessados da comunidade em geral nos nossos serviços — afirma a diretora do IFCH, a professora Claudia Wasserman.
Com a ação protocolada na noite de terça-feira (6), o político, que retornou para a suplência após a volta de secretários do governador José Ivo Sartori à Assembleia, espera que o MPF apure possíveis irregularidades na implementação da extensão.
— Afinal de contas, ele é um curso pago com dinheiro público com fins claramente partidários e ideológicos — criticou Van Hattem.
A UFRGS informou, por meio de sua assessoria, que não recebeu nenhuma notificação sobre a representação do político e que quando receber “dará o devido o encaminhamento”.
Abertura de inscrições
O cronograma dos debates, que devem iniciar na primeira semana de abril, segue sem alterações. Na próxima segunda-feira (12) serão divulgados os nomes de todos os palestrantes, os títulos das palestras e os detalhes, como horário e local, assim como a abertura das inscrições. Com a participação de, pelo menos, 20 professores, o curso abordará o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A extensão será oferecida aos alunos de graduação e pós-graduação da universidade que tiverem interesse no tema.
Os debates tomarão como base a área de pesquisa de cada professor. Entre os temas que serão apresentados pelos docentes estão a democracia, as relações de gênero, o papel da mídia, a ditadura militar, os movimentos sociais e os aspectos legislativos. O curso de extensão da UFRGS foi montado com base na experiência do professor Luis Felipe Miguel, da graduação em Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB), que passou a oferecer a disciplina optativa "O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil".