Não convidem para sentar à mesma mesa integrantes da cúpula do PP no Rio Grande do Sul e o deputado estadual Marcel Van Hattem.
É que pegou muito mal entre lideranças progressistas a tentativa de Van Hattem de permanecer na Assembleia, mesmo depois de ter anunciado que deixaria o partido. Marcel é suplente e assumiu uma cadeira no Legislativo por conta das saídas de Ernani Polo e Pedro Westphalen (ambos do PP), que se tornaram secretários do governo Sartori. No fim de semana, Marcel oficializou a ida para o Novo, sob o argumento de que figuras importantes do PP estariam envolvidas em escândalos de corrupção.
Na segunda-feira (26), a direção do partido comunicou Van Hattem de que ele deixaria sua cadeira na Assembleia nesta terça-feira (27) para que Polo e Westphalen retornassem ao Legislativo. O argumento seria a votação dos projetos de separação do IPE, de autoria do governo Sartori.
– Isso é uma cortina de fumaça para encobrir o verdadeiro motivo, que é minha saída do partido – afirmou Van Hattem à coluna.
À reportagem, líderes do PP afirmaram que Marcel telefonou ao presidente do PP no RS, Celso Bernardi, pedindo para permanecer na Assembleia pelo menos até o dia 15 de março, data em que o PP deixará o governo. Nos bastidores, progressistas também se irritaram com a informação de que Van Hattem usaria a tribuna (enquanto deputado do PP) para comunicar sua filiação ao Novo.
– O Marcel chegou a perguntar à cúpula se ele cancelasse o grande expediente, se poderia ficar mais uns dias na Assembleia – contou um progressista.
O deputado nega que tenha feito esse tipo de apelo e diz que buscou uma saída amigável e elegante. À reportagem, ele disse que o PP lhe ofereceu ficar, em troca de não fazer o discurso, condição que foi negada pelo parlamentar.
– Eu entendo que tenha sido um baque a minha saída. Sei que minha votação (para deputado federal) poderia contribuir para a legenda. Mas não quero fazer provocação. O que eu queria mesmo é que o PP estadual me dissesse: vamos ajudar a derrubar o Ciro Nogueira (presidente do partido, investigado na Lava Jato) – afirmou.
Marcel afirmou ainda que o apoio do PP gaúcho a Ciro Nogueira foi decisivo para selar sua saída da legenda.
– O PP estadual se omitiu. Todos bateram palma pra ele (Ciro) na Convenção Nacional. Apenas eu e o prefeito de Esteio, Leonardo Pascoal, votamos em separado contrariamente. Os gestos foram de omissão – disse.