
A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) passará a oferecer, no próximo mês, o curso "Golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil". O projeto foi idealizado, inicialmente, pela Universidade de Brasília (UnB) e estará disponível a alunos da graduação e da pós-graduação da UFSM que queiram debater o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff sob diferentes temáticas.
A ideia do curso na UFSM começou junto ao curso de Direito da instituição. No momento, há uma comissão organizadora – com a participação de vários professores dos mais variados centros de ensino da universidade – que ajusta os últimos detalhes antes do início das atividades acadêmicas.
Conforme nota, o curso busca "responder à necessidade de apreciação acadêmica crítica do contexto político, jurídico e social brasileiro a partir do golpe de 2016, fazendo eco a iniciativas semelhantes organizadas em várias outras universidades no país".
Questionado sobre o assunto, o reitor da UFSM, Paulo Burmann, afirma que "não há nenhuma informação oficial sobre o tema". Mesmo assim, ele enfatiza que é preciso observar a "liberdade de cátedra da universidade e respeitá-la" e que "não se pode interferir em processos pedagógicos".
O reitor reitera que, no momento, não tem nenhuma informação mais detalhada, mas ele entende que trata-se, a princípio, de um curso "que pode ser ofertado livremente". Provavelmente essa será uma discussão que nem deverá chegar à reitoria, conforme Burmann, por ser "uma decisão que caberá aos departamentos, aos cursos e aos professores envolvidos".
— Isso não circulou por aqui ainda. Um curso pode ser ofertado sem a interferência de outros setores da instituição — sinaliza Burmann.
O curso de extensão terá aulas semanais, de abril a junho.
Curso na UFRGS
A criação de cursos em torno do impeachment de Dilma já se faz presente em várias universidades federais. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) lançou o curso de extensão chamado O Golpe de 2016 e a Nova Onda Conservadora no Brasil. Segundo o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), responsável pela organização do curso, serão 24 encontros entre 4 de abril e 5 de julho.
O curso será realizado no auditório da Secretaria de Educação a Distância, no Campus do Vale. As inscrições, abertas para alunos de graduação ou pós-graduação da universidade, serão gratuitas e poderão ser feitas entre os dias 26 e 30 de março, entre 14h e 16h, na secretaria do IFCH. As vagas são limitadas a 120 por palestra. Cada estudante poderá se inscrever em até cinco palestras para permitir um acesso maior aos debates sobre o tema.
Histórico
A polêmica surgiu depois que o professor e cientista político Luís Felipe Miguel, da Universidade de Brasília, ofereceu o curso "O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil". À época, o ministro da Educação, Mendonça Filho, adiantou que iria recorrer à Advocacia-Geral da União (AGU), ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Ministério Público Federal (MPF) para que fosse apurada a conduta dos responsáveis pela criação da disciplina na UnB. Mendonça Filho disse, inclusive, que poderia ser considerado um caso de improbidade administrativa.