A força de Geraldo Alckmin como o principal líder do PSDB foi insistentemente testada em 2017 e continuará à prova em 2018. Ameaçado pelo prefeito de São Paulo, João Doria – até então seu afilhado político –, precisou agir nos bastidores para garantir a preferência no partido como pré-candidato ao Planalto.
Aclamado como presidente nacional da sigla, tem a missão de pacificar o ninho tucano antes de colocar a campanha na rua. O embate envolvendo a permanência no governo de Michel Temer, ainda não superado, causou fissuras.
O apoio expresso à reforma da Previdência, reivindicado pelo Planalto, veio somente em dezembro, em uma das primeiras ações do governador paulista à frente da legenda. O partido vive o dilema de referendar a agenda reformista, uma de suas bandeiras históricas, e não se vincular ao impopular Temer. Ainda assim, a adesão do PMDB é bem-vinda, principalmente pelo tempo no horário eleitoral em rádio e TV.
Alckmin tenta se firmar como candidato de centro, ocupando o vácuo deixado pela falta de um nome natural para a sucessão do atual presidente. A coligação com o PSD, do ministro da Fazenda e cotado ao Planalto, Henrique Meirelles, é tratada como certa pelos tucanos. PTB, tradicional aliado, e PV estão com negociações adiantadas.
DEM e partidos médios do centrão também são cortejados. Para vice, a meta é um nome de Norte ou Nordeste e, de preferência, mulher.
Um entrave apontado é a falta de carisma – para popularizar o candidato, a ideia é chamá-lo de Geraldo. Na última pesquisa Datafolha, ele não passa de 9% das intenções de voto quando Lula participa do levantamento e de 12% quando o petista está fora.
– As pessoas gostam de falar. Alckmin está no quarto mandato de governador em São Paulo, e com eleição no primeiro turno. Não há falta de carisma – defende o presidente do PSDB paulista, Pedro Tobias.
O temor vem de denúncias de corrupção, como o de cartel formado por empreiteiras responsáveis por diversas obras em São Paulo nos últimos anos.