Os concorrentes ao governo do Rio Grande do Sul têm visões distintas sobre a política de fechamento de escolas em localidades em que há redução no número de estudantes. Dentre os oito candidatos cujos partidos têm representação no Congresso Nacional, cinco concordam com a ideia, enquanto três a rejeitam.
Nos últimos anos, o número de escolas estaduais vem diminuindo no Rio Grande do Sul. De acordo com o Censo Escolar de 2021, foram fechadas 24 instituições de ensino entre 2020 e o ano passado. Ao todo, desde 2016, 171 escolas da rede estadual deixaram de funcionar.
Ao mesmo tempo, há queda no número de alunos da rede. De 2020 para 2021, também conforme o Censo Escolar, houve redução de 5,4% no número de matrículas.
O questionamento sobre a redução no número de instituições de ensino é o tema da última reportagem da série Vida Real, na qual os postulantes ao Palácio Piratini foram convidados a responder, de forma sucinta, a respeito de temas que impactam diretamente no cotidiano dos gaúchos.
Anteriormente, eles já foram chamados a dizer "sim" ou "não" a concessões de estradas, critérios do repasse de recursos a hospitais, privatização do Banrisul, regime de recuperação fiscal, recriação da loteria estadual, venda de bebidas nos estádios, privatização da Corsan e transferência de renda a famílias carentes.
A pergunta feita aos oito candidatos foi a seguinte:
O senhor é favorável à política de fechamento de escolas em localidades com queda no número de alunos?
Leia a resposta de cada um, em ordem alfabética:
Sim. Na verdade, o que temos de fazer é uma administração inteligente. Vi municípios onde tem uma escola municipal a cem metros de uma escola estadual. Nesse caso, o município assume, já que eles têm mais qualidade de ensino que o Estado hoje. E o Estado deve se preocupar mais com as escolas técnicas.
Não. Eu quero ser aquele que vai criar escolas, não diminuir escolas. Precisamos ter escolas o mais perto possível da vida real das pessoas. Possibilitar que crianças fiquem o maior tempo possível nas salas de aula recuperando o passivo da pandemia e ver professores e servidores trabalhando com autoestima e sendo respeitados.
Sim. Pode fechar desde que haja outra naquela comunidade que atenda. Se não tiver, por menor que seja o número de alunos, terá que existir o atendimento. A não ser que se tenha por transporte escolar, com um nível de razoabilidade de distância e tempo de deslocamento, a condição de atender aquela comunidade.
Sim. Quando estive em São Borja, adotei um processo de nucleação de escolas. Fechamos escolas com cinco, seis ou 10 alunos, adotamos o transporte escolar e fizemos escolas polo em melhores condições. Temos de ver qual a situação de cada localidade e quais as que estão fechando. Não pode mandar alunos de um município para outro.
Não. Sou sempre a favor de abrir escolas, porque quanto mais escolas se abre, mais presídios se fecha. Tem de olhar isso com muito critério e tentar entender se o fechamento é para favorecer a máquina e a corporação ou se é para melhorar a vida das crianças. Minha prioridade será sempre as crianças, nunca a máquina.
Sim. Eu defendo a racionalização, causando o mínimo impacto para as pessoas que dependem geograficamente de escolas nas áreas onde elas residem. Mas nós precisamos reestudar porque o custo estatal de escolas com poucos alunos não se justifica.
Sim. De fato, racionalmente e talvez também pedagogicamente, não seja muito conveniente ter uma escola com um grupo muito pequeno de alunos que não façam interação e percam a oportunidade de integração. Então a nucleação, de certo modo, é aconselhável.
Não. Sou radicalmente contra. Escolas não são só um monte de tijolos com cimento. As escolas têm alma e nós temos de respeitar esse sentimento de pertencimento das comunidades com os estabelecimentos escolares. Se depender de mim, nenhuma escola será fechada no Rio Grande do Sul.
Sobre o "Vida Real"
Para ajudar os eleitores a conhecerem a posição dos candidatos ao governo do Rio Grande do Sul sobre alguns dos temas mais relevantes desta eleição, a reportagem de Rádio Gaúcha, Zero Hora e GZH realiza a série Vida Real. Nela, os postulantes ao Palácio Piratini foram convidados a responder, de forma sucinta, a respeito de temas que impactam diretamente no cotidiano dos gaúchos.
Foram chamados a participar os oito concorrentes cujos partidos têm representação no Congresso Nacional, mesma regra adotada para a participação nos debates eleitorais.