A quatro dias da decisão de quem será o novo governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (MDB) demonstrou serenidade em entrevista à Rádio Gaúcha — reduzindo o tom demonstrado por ele e pelo adversário, Eduardo Leite (PSDB), em seus últimos encontros e entrevistas, e não citou o nome do tucano em nenhum momento.
Na manhã desta quarta-feira (25), o atual governador garantiu não ter se abalado com a pesquisa divulgada no dia anterior, que indicou um aumento da vantagem do ex-prefeito de Pelotas na preferência dos eleitores.
— Reflete, talvez, uma realidade. Se eu fosse olhar e comparar com 2014, com certeza, nós encontraríamos algum equívoco — afirmou Sartori, mencionando o fato de que na última pesquisa do primeiro turno, há quatro anos, apareceria em terceiro lugar, mas não foi só para o segundo turno, como venceu as eleições.
— Mas eu prefiro ficar com aquilo que está na nossa percepção do dia a dia — completou, dizendo que ela é "bem diferente" do que os 60% de preferência do rival indicados pelo Ibope, frente a 40% seu.
Segundo o emedebista, a pesquisa não atinge sua campanha ou muda estratégias, que, conforme ele, seguirão as mesmas até o final:
— Nós achamos que estamos fazendo a campanha correta.
Sartori disse que não se arrepende de ter colado seu nome apenas ao do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) na reta final da campanha — inclusive, vai participar das atividades de campanha com o vice Hamilton Mourão — e de não ter buscado conquistar o voto de quem optou pelos seus adversários para governador no primeiro turno.
O candidato reforçou que conquistou a apoio de Jairo Jorge (PDT) e Mateus Bandeira (NOVO), concorrentes que ficaram em quarto e quinto lugar, respectivamente, no primeiro turno, mas que não "forçaria" uma aproximação com o PT de Miguel Rossetto (terceiro colocado) e o PSOL de Roberto Robaina (sexto colocado), por divergências históricas.
— Nunca fui antialguém, como já disse, não tenho preconceito político-ideológico. Eles conhecem a minha origem, sabem da minha postura, e, portanto, vamos caminhando com quem gosta de estar junto — afirmou.
Ainda em relação a Bolsonaro, Sartori minimizou os constrangimentos internos do MDB que vieram a público após a decisão do partido em apoiar o capitão, inclusive com a perda de filiados históricos. Justificou que a decisão foi "democrática" e que "poucas pessoas, que muitas vezes nem participavam" ativamente das questões do partido discordaram dela.
Questionado sobre projetos futuros, caso seja eleito, o atual governador reiterou, várias vezes, que a crise financeira do Estado dificulta projetar novos investimentos ou promessas.
— Eu conheço a realidade do Estado, sei (qual é) a situação financeira. Não posso falar simplesmente de maneira que não revele esse conhecimento — disse Sartori.
Sobre investimentos em rodovias, disse que conquistou "avanços extraordinários", como a aprovação do marco regulatório de concessão e a contratação de uma empresa para fazer a modelagem das concessões. Completou dizendo que o "encaminhamento" da licitação poderá ser feita ainda este ano.
Com relação a colocar o salário dos servidores em dia, por exemplo, não deu prazo. Sobre os planos para pagar o 13º deste ano, afirmou que a decisão será conhecida após o segundo turno:
— Alternativas vão ser encontradas. Eu espero, que logo em seguida à eleição, nós vamos ter a nossa posição muito clara sobre todos esses assuntos. Mas eu não vou fazer agora, para não parecer que alguém esteja apresentando uma promessa ou fazendo demagogia para atrair (votos) — disse, fazendo menção, indiretamente, aos planos de governo de Eduardo Leite.
— Todos queremos fazer isso (pagar o servidor em dia). Eu respeito o servidor, quero bem a ele, mas não adianta eu querer fazer uma promessa para iludir alguém. Eu não vou iludir.