Os números da mais recente pesquisa do Ibope, que mostram o candidato Eduardo Leite com 60% dos votos válidos e o governador José Ivo Sartori com 40%, indicam que fracassou a estratégia do MDB e de seus aliados de apostar todas as fichas na ligação com Jair Bolsonaro, adotando inclusive a expressão Sartonaro no material de campanha.
Como Leite também abriu o voto para Bolsonaro e o capitão manteve a neutralidade no Rio Grande do Sul, não ocorreu (pelo menos até agora) a migração esperada pelos estrategistas da candidatura do governador. Em votos totais, o placar é de 53% a 36%.
Como o PSL não teve candidato a governador, os eleitores de Bolsonaro já se dividiram entre Leite e Sartori no primeiro turno. Com a adesão de Mateus Bandeira e dos líderes do Novo a Sartori, o eleitorado que precisa ser conquistado é o que votou em Jairo Jorge e Miguel Rossetto. O PDT aprovou a neutralidade, mas está dividido. Jairo abriu voto para o governador. Nas redes sociais, petistas que pretendiam votar nulo começaram a admitir o voto em Leite, depois que Sartori atou seu nome ao de Bolsonaro.
Relembrando, Leite abriu o voto para Bolsonaro, disse que nunca votou no PT e não seria desta vez, mas fez uma série de ressalvas a posicionamentos do candidato do PSL e lamentou que ele nunca tenha feito uma autocrítica. Por ter o tucano gravado um vídeo em que explicita essas restrições, a campanha de Sartori passou a tratar o apoio como vacilante e adotou o tom de adesão irrestrita a partir da propaganda que foi ao ar no último sábado. No domingo, Sartori participou do ato pró-Bolsonaro no Parcão e fez um breve discurso em que afirmou:
— Vamos todos juntos, sem titubeio e sem vacilação, mudar o nosso país.
Sartori também endureceu o tom na propaganda e explorou com insistência a frase "tem que tirar a bunda da cadeira", dita por Leite no debate da Band TV. O adversário diz que não se referia especificamente ao atual, mas a qualquer governador.
Os números mostram que os ponteiros não se mexeram com esses movimentos. Os percentuais ficaram praticamente idênticos. Leite cresceu um ponto, o que pode ser considerado oscilação na margem de erro. Os indecisos caíram de 4% para 3%. Ainda há um contingente de 8% que pretende votar nulo ou branco.
A pesquisa mostra que até eleitores de Sartori consideram Leite o favorito para vencer a eleição. Quando o pesquisador pergunta quem o eleitor acha que será vitorioso, 61% dizem que é o tucano, 29% citam o nome do governador e 9% respondem que não sabem.
Como ocorreu ao longo de todo o primeiro turno, a pesquisa mostra que Leite tem a seu favor um dos mais baixos índices de rejeição de um candidato no segundo turno. Somente 14% dizem que não votariam nele de jeito nenhum. Dos que declaram voto no ex-prefeito de Pelotas, 53% dizem que a decisão é definitiva e que não mudará de jeito nenhum. Embora tenha um eleitorado mais sólido (58% dos seus eleitores dizem que a decisão é definitiva), a rejeição de Sartori é de 37%.
Leite obtém seus melhores índices entre os eleitores de 16 a 24 anos de idade (59%) e entre as mulheres (58%). Sartori mantém melhor desempenho entre os homens (42%) e entre eleitores com Ensino Superior (43%) e renda familiar acima de cinco salários mínimos (45%).