Mesmo com apenas três candidatos concorrendo a governos de Estado no segundo turno, o MDB nacional deixou José Ivo Sartori sem dinheiro na campanha eleitoral. O recurso dos fundos eleitoral e partidário foram destinados a figurões do partido com ou sem mandato e, segundo um dirigente, "não sobrou nada" para a segunda etapa da eleição.
A prioridade, segundo resolução do MDB, era a campanha de senadores e deputados federais com mandato. Entre os privilegiados, estariam Romero Jucá (presidente do MDB) e Eunício Oliveira (tesoureiro), mas ambos não conseguiram se reeleger. Jucá recebeu R$ 2 milhões do partido, enquanto Eunício ganhou R$ 3,3 milhões. Entretanto, para a filha de Eduardo Cunha, Danielle, foram destinados R$ 2 milhões — e ela não tem mandato.
Nem o candidato a presidente pela legenda, Henrique Meirelles, recebeu recursos. O ex-ministro da Fazenda optou por tirar do próprio bolso R$ 54 milhões. No Distrito Federal, o candidato que foi classificado para o segundo turno, Ibaneis Rocha Barros Junior, desembolsou R$ 3,4 milhões e não foi prestigiado pelo partido. No Pará, o outro classificado para a disputa ao governo, Helder Barbalho, ficou sem ajuda nacional e teve de ser custeado pela regional (R$ 2,1 milhões).
Para pagar a campanha, Sartori usou R$ 660 mil da direção estadual do MDB, com origem no fundo partidário recebido da direção nacional. Nenhum outro partido da coligação doou para a disputa. A fim de arrecadar recursos, o governador fez pelo menos dois jantares a apoiadores, um valendo R$ 1 mil por convite e outro, a ser realizado nesta segunda-feira (22), R$ 500. Ao todo, Sartori juntou R$ 3,1 milhões até agora.
Se a estratégia de priorizar as disputas à Câmara e ao Senado tinha como objetivo aumentar ou manter o número de deputados e senadores, ela deu errado. Em 2010, o MDB elegeu 78 deputados, em 2014, 66. Neste ano, devido à onda do PSL de Jair Bolsonaro, o partido perdeu espaço considerável na Câmara, e terá a partir de 2019 apenas 34 parlamentares. Quando o assunto é Senado, o partido perdeu metade das cadeiras se comparado com a eleição de 2010 — que também renovou 2/3 da casa. Na ocasião, o MDB fez 14 senadores.
A falta de apoio a candidatos ao governo foi prejudicial ao MDB. Foram 14 concorrentes neste ano, mas apenas três passaram para o segundo turno (um venceu em primeiro turno). O MDB perdeu os governos do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Santa Catarina.