Foi em sua cidade natal que o futuro governador, Eduardo Leite (PSDB), abriu a mais larga vantagem em relação ao adversário, José Ivo Sartori (MDB), na votação de domingo (28). O tucano cativou 157,3 mil eleitores de Pelotas, o que, em números percentuais, representa 90,30% dos votos válidos. No primeiro turno, Leite obteve 124,9 mil votos (69,50%), diferença de 32,4 mil apoiadores.
De acordo com a cientista política Elis Radmann, diretora do Instituto de Pesquisas de Opinião (IPO), estudos indicam que eleitores de Miguel Rossetto (PT) e Roberto Robaina (PSOL), candidatos que se mantiveram neutros na segunda volta, migraram para o tucano. E que o mesmo aconteceu com parte dos votos do PDT, mesmo que Jairo Jorge, representante da sigla no primeiro turno, tenha contrariado a orientação partidária de neutralidade e se manifestado em favor de Sartori.
Os três candidatos defenderam constantemente, em suas campanhas, o pagamento salarial em dia do funcionalismo público, bandeira também hasteada por Eduardo Leite. O tucano, inclusive, promete resolver a situação no primeiro ano de mandato. A cientista, porém, diz que a expressiva votação não se limita apenas a esta proposta.
— Eu vejo dois fenômenos que caminham lado a lado. Um deles é a crítica muito forte que houve da Região Sul em todo o mandato de Sartori. Não houve ações políticas, entrega de rodovia ou feitos em saúde, educação e segurança pública aqui como em regiões como a de Santa Maria ou Metropolitana. O outro fenômeno foi a atuação marcante de Eduardo Leite, que mostrou capacidade de comunicação com a sociedade pelotense e fez obras estruturais importantes —avaliou.
Na esfera nacional, Jair Bolsonaro (PSL) conseguiu 18,8 mil novos votos entre o primeiro e o segundo turno —passou de 78,7 mil para 97,5 mil —, abocanhando, possivelmente, o eleitorado de Geraldo Alckmin (PSDB) e João Amoêdo (Novo). Fernando Haddad (PT) mais do que dobrou o apoio entre os pelotenses, chegando a 45,59% de preferência no segundo turno frente a 21,67% do primeiro. Uma das leituras possíveis é a transferência de votos de Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL) para o petista.
— A base universitária movimentada na última semana pró-Haddad foi determinante. A gente percebe que houve um voto talvez envergonhado no PT, mas em prol da democracia, embalado pelo movimento acadêmico — finalizou a especialista.
1º turno
Eduardo Leite: 69,50% (124.925)
Miguel Rossetto: 15,26% (27.421)
Jairo Jorge: 6,27 (11.266)
José Ivo Sartori: 5,13% (9.220)
Mateus Bandeira: 2,41% (4.337)
Roberto Robaina: 1,32% (2.366)
Julio Flores: 0,11% (205)
Jair Bolsonaro: 42,59% (78.695)
Fernando Haddad: 21,67% (40.045)
Ciro Gomes: 17,34% (32.047)
Geraldo Alckmin: 9,88% (18.254)
João Amoêdo: 2,47% (4.571)
Guilherme Boulos: 1,69% (3.129)
Henrique Meirelles: 1,49% (2.752)
Marina Silva: 1,23% (2.265)
2º turno
Eduardo Leite: 90,30% (157.306)
José Ivo Sartori: 9,70% (16.898)
Jair Bolsonaro: 54,41% (97.524)
Fernando Haddad: 45,59% (81.705)